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Brasil tem maior número de desabrigados e emergências por chuva em cinco anos

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Foto EPA

O Brasil registou na corrente estação chuvosa o maior número desabrigados (61.786 pessoas) e de decretos de emergência por causa dos temporais (1.302) dos últimos cinco anos, segundo um levantamento hoje divulgado pelo jornal Estadão.

A um mês e meio do fim da estação chuvosa no país sul-americano, os estados de Minas Gerais e Baía são os mais afetados, somando deslizamentos, bairros submersos, ameaças de rompimentos de barragens e 51 vidas perdidas.

Além dos cidadãos que ficaram sem teto (desabrigados), 226.786 pessoas tiveram de sair das suas casas e pedir abrigo a vizinhos ou parentes (desalojados), número que é o segundo maior em cinco anos.

Os dados obtidos pelo Estadão foram reportados pelas próprias prefeituras no Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil entre 01 de outubro de 2021 e 17 de janeiro deste ano.

Prefeitos e governadores podem decretar emergência por eventos como temporais, inundações e secas.

Neste período de verão austral que o Brasil atravessa, o total de decretos de chuva já é 48% superior aos acionados em toda a estação anterior (878).

"Além das perdas de vida, o período mais difícil para as prefeituras ainda vai começar. Vem depois das chuvas, que é tentar reconstruir o que se perdeu", afirmou o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, citado pelo Estadão.

"Se olhar os municípios da região Serrana do Rio de Janeiro, até hoje muitos não recuperaram o que se perdeu há uma década", acrescentou Ziulkoski, referindo-se ao ano de 2011, quando um deslizamento deixou mais de mil mortos.

"Há uma correlação" entre a intensidade das chuvas em algumas regiões do Brasil e o fenómeno climático 'La Niña', que causa precipitações acima do normal, estimou Estael Sias, meteorologista da empresa de previsão MetSul.

'La Niña' é considerada uma anomalia climática, que ocorre, em média, num intervalo de dois a sete anos e provoca uma série de alterações nos padrões de chuva e temperatura globais. No Brasil, o fenómeno provoca chuvas mais abundantes no norte e nordeste. No centro-sul, provoca aumento de temperaturas e seca.

Já de um ponto de vista mais amplo, os números expõem a intensidade e a frequência crescentes de eventos extremos, causados pelas alterações climáticas, além da vulnerabilidade socioeconómica das vítimas, segundo especialistas.