Em política o que vale é mentir!

Em carta intitulada “Na política não vale tudo” o seu subscritor propôs-se dar lições de “ética” ao líder do PSD pelo pseudo-apoio à provável recandidatura de Isaltino Morais (IM) como independente à autarquia de Oeiras (CMO). IM como militante do PSD venceu as eleições para a CMO em 1985, 1989, 1993, 1997 e 2001. Em 2005 desfiliou-se do PSD que recusou apoiá-lo nesse ano na recandidatura à CMO por ter sido constituído arguido num processo judicial acusado de corrupção, fraude fiscal, branqueamento de capitais e abuso de poder. Apesar disso e mesmo sem o apoio do partido candidatou-se como independente e voltou a ganhar as eleições autárquicas repetindo-o em 2009. Em 2010 IM foi condenado pelos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais e não por corrupção conforme sentença ratificada pela Relação de Lisboa, tendo sido condenado a 2 anos de prisão efetiva, cumprindo 1 na cadeia e o restante em prisão domiciliária, bem como a indemnizar o Estado em cerca de 470 mil euros. IM não sofreu qualquer sanção acessória impeditiva de candidatar-se no futuro a cargos políticos. Por isso mesmo após cumprir a pena voltou a candidatar-se em 2017 na qualidade de independente à CMO tendo sido eleito com maioria absoluta tanto na Câmara como na Assembleia Municipal, o que para um “ex-encarcerado” diga-se é obra. Tanto quanto se sabe IM avançará para uma nova candidatura à CMO nas próximas eleições autárquicas, com grande probabilidade de voltar a ganhá-las, não como candidato do PSD mas na qualidade de independente, como tem vindo a fazer desde 2005. Consta que o PSD estuda a hipótese de não apresentar candidato próprio à CMO nas próximas eleições autárquicas. Estes são os factos. Será ético apelidar um cidadão que cumpriu a sua pena pagando a dívida à sociedade e ao Estado de “ex-cadastrado”? E mentir imputando-lhe um crime “corrupção” pelo qual não foi condenado? Para alguns em política o que vale é mentir e deturpar os factos.

Leitor identificado