Crónicas

A beleza e o preço da liberdade

Declaração prévia de interesses: não tenho facebook, instagram, whatsapp, tiktok, derivados e outros quejandos. Não obstante, facilmente reconheço utilidade em alguns enquanto instrumentos de comunicação, divulgação e aproximação entre partes. O facilitismo em diabolizar o que não valorizamos cega-nos a objectividade na hora da avaliação. E prefiro não cair nesse erro.

Contudo, e talvez Pinheiro de Azevedo concordasse comigo, uma coisa que (me) chateia é o engrandecimento do pequeno e a subjugação do grande. Isto a propósito de uma confissão que ouvi de alguém que, em segredo, voltou a estudar. Estranho mundo este em que se torna público o que sensatamente deveríamos guardar para nós. Palavras e actos que pouco abonam aos seus donos são partilhados com regozijo. E por outro lado, aquilo de que nos devemos orgulhar é escondido, censurado pelos próprios, ou então “engolido” por falta de carga viral diriam alguns. A beleza da liberdade é isto mesmo, poder escolher livremente o que queremos dar ao mundo. O preço da liberdade é isto mesmo, não poder escolher (até certo ponto, claro) o quanto somos atingidos pela “ai que lindeza tamanha” da liberdade dos outros. Isto sim é um fa(r)do, mas que se canta alegremente, e não só em português.