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Peça experimental apresentada amanhã nos jardins do Conservatório

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Foto arquivo

Amanhã, dia 8 de Outubro decorrerá, nos jardins da Sede do Conservatório, a apresentação da peça experimental ‘Mútuas Colaborações’, um obra que se destaca pelo facto da acção de cada intérprete influenciar a de todos os outros.

Nesta peça, com início agendado para as 21 horas, é utilizado o sistema computacional ‘Puffin’, que foi desenvolvido por Raul Masu - músico que brinca com computadores interaxtivos e que explora as potencialidades do som - como parte da sua pesquisa de doutoramento.

A apresentação integra o projecto mais amplo ‘As Nossas Árvores’ e contará com a participação de quatro alunos dos Cursos Profissionais do Conservatório.

‘As Nossas Árvores’ é um projecto que nasceu do grupo Equilíbrio, uma rede de capacitação estratégica em arte e ecologia. Durante 2021, foram seleccionadas cinco árvores no Funchal, sobre as quais cinco artistas desenvolveram trabalhos criativos em colaboração com comunidades locais, que ficarão depois disponíveis on-line num mapa-roteiro acessível a todos.

Com efeito, no âmbito deste projecto, nos próximos seis anos (2022-2027), 24 árvores (tanto do Funchal como de outras localidades da Madeira) inspirarão 24 projectos criativos que envolverão artistas naturais e não naturais da Madeira, residentes e não residentes, além das várias comunidades locais num "esforço de valorização do património arbóreo madeirense, particularmente nas suas dimensões ecológicas e culturais", explica a organização em nota de imprensa.

A peça ‘Mútuas Colaborações’, que será apresentada esta sexta-feira teve como ponto de partida a Sumaúma, que se pode admirar da ponte em frente ao Conservatório, e existe num ecossistema de 263 espécies, vizinhas umas das outras, na Quinta Magnólia.

Esta foi uma proposta feita pelo italiano Raul Masu ao Conservatório, escola de artes vizinha da Quinta Magnólia, e na qual quatro jovens dos Cursos Profissionais de Instrumentista participaram – Gabriela Assunção (violino), Consthança Silva (violino), Gabriel Marcos (viola d’arco) e Matias Assunção (violoncelo) –, no formato de formação em contexto de trabalho.

Os ensaios e trabalhos de grupo foram realizados durante o mês de Setembro e este concerto é a apresentação do projecto final.

Porque 'uma árvore não existe isolada, vive num ecossistema complexo de inter-relações com o ambiente próximo', esta peça representa estas múltiplas inter-relações através da criação de uma situação musical em que a ação de cada intérprete influencia a de todos os outros.

 Raul Masu e o sistema Puffin

Raul Masu é um pesquisador da interação humano-máquina. A sua pesquisa concentra-se nas interações dentro de performances que envolvem várias pessoas. Ele está particularmente interessado nos aspectos éticos e ambientais da pesquisa em tecnologia musical e tem uma forte inclinação para o Software Livre.

Actualmente é aluno de Doutoramento em Media Digitais no Departamento de Informática da Universidade NOVA de Lisboa, e afiliado ao ITI / LARSyS.

Tem uma licenciatura em Música Eletrónica (BA) e um Diploma em Composição (Diploma de 10 anos - equivalente ao nível de Mestre) pelo Conservatório de Música Bonporti (Trento). Após a sua graduação, trabalhou como assistente de pesquisa no Laboratório de Interação (Universidade de Trento).

Desde 2020, Raul é um dos agentes ambientais e éticos da conferência internacional de música computacional NIME.

No que toca ao sistema 'Puffin', este foi desenvolvido por Raul Masu como parte da sua Pesquisa de Doutoramento com o apoio do ARDITI – Agência Regional para o Desenvolvimento e Tecnologia no contexto do projeto M1420-09-5369-FSE-000002 – PhD Studentship.

O ‘Puffin’ é um sistema computacional através do qual as notas que um intérprete toca num teclado são transformadas numa partitura para os outros três músicos. A forma musical resultante é uma espécie de cânone em que os instrumentistas, por sua vez, imitam o que o teclado terá́ executado anteriormente. O teclista passa, portanto, a cocriador e orquestrador. Cada um dos quatro instrumentistas passa alternadamente pelo teclado. Durante os ensaios, criaram a peça de forma colaborativa.