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"Haveria perturbação da vida democrática interna" se órgãos do CDS não fossem ouvidos

Francisco Rodrigues dos Santos (na foto) foi representado nas declarações pelo seu vice-presidente Pedro Melo.  Foto DianaQuintela/Global Imagens
Francisco Rodrigues dos Santos (na foto) foi representado nas declarações pelo seu vice-presidente Pedro Melo.  Foto DianaQuintela/Global Imagens

O vice-presidente do CDS-PP Pedro Melo considerou que só "haveria uma perturbação da vida democrática interna do partido" se os órgãos não fossem ouvidos quanto ao adiamento do congresso para depois das eleições legislativas.

"Quem me dera ter um congresso daqui a 15 dias, mas sendo racional, sendo responsável, acho que é melhor ter um congresso depois das legislativas", afirmou.

Pedro Melo falava aos jornalistas na sede do CDS-PP, em Lisboa, onde decorreu, à porta fechada, uma reunião da Comissão Política Nacional, órgão alargado da direção, que discutiu a possibilidade de adiamento do congresso eletivo do partido, marcado para o final de novembro.

O vice-presidente foi confrontado também com as declarações do candidato à liderança Nuno Melo, momentos antes, que acusou a direção de tentar um "golpe de estado institucional".

"Haveria uma perturbação da vida democrática interna do partido se nós não ouvíssemos os órgãos, se amanhã o doutor Francisco Rodrigues dos Santos anunciasse que o congresso afinal seria relegado para dia 30 de janeiro, isso seria inaceitável", salientou.

Assim, considerou que a expressão utilizada por Nuno Melo é de um "exagero muito imaturo".

Justificando que está em causa "uma alteração de circunstâncias" fruto da rejeição do Orçamento do Estado para 2022 pelo parlamento, na votação que decorreu na quarta-feira, o dirigente apontou que também "em 2003 e em 2013" foram adiados congressos do CDS-PP, pelo que "não é inédito".

Questionado se o atual presidente do partido, e recandidato à liderança está "a fugir" às eleições internas, Pedro Melo recordou que a reunião magna foi antecipada por dois meses e mostrou-se convicto na vitória.

"Foi esta direção que, tendo a possibilidade de estar com toda a legitimidade até final de janeiro de 2022, pretendeu e foi aprovado em Conselho Nacional, antecipar. Que medo é que isto representa, que medo é que nós teríamos? Nenhum", disse.

"A nossa convicção é que se o congresso fosse amanhã ou fosse na data que está prevista nós ganhávamos o congresso", indicou também.

Pedro Melo salientou também, "sendo certo que o mandato desta direção termina no final de janeiro [...], há toda a legitimidade desta direção para fazer o congresso no final de janeiro de 2022".

O vice-presidente do CDS-PP defendeu igualmente que é preciso preparar as eleições legislativas, apontando que, se forem marcadas para meados de janeiro, as listas terão de ser entregues "no início de dezembro".

"Faz sentido acabarmos um congresso, estarmos um mês numa guerra interna, e passados 10 dias irmos entregar listas? Mas que listas? E se houver necessidade de fazer uma coligação? O registo das coligações no Tribunal Constitucional é anterior à entrega das listas", alertou.

Sobre o facto de o PSD também ter eleições internas marcadas, o vice-presidente centrista considerou que "a situação é diferente" uma vez que os sociais-democratas têm diretas e depois congresso, e apontou que "cada partido sabe da sua vida".

Caso o Conselho Nacional decida manter a data do congresso, Pedro Melo garantiu que não se ouvirá "uma única crítica" por parte da direção do CDS-PP.

O membro da direção disse ainda esperar que todos os militantes respeitem a decisão do Conselho Nacional, caso seja no sentido de adiar a reunião magna do partido, que está marcada para 27 e 28 de novembro em Lamego, distrito de Viseu.

São candidatos à liderança do partido o atual presidente, Francisco Rodrigues dos Santos, e o eurodeputado eleito pelo CDS-PP, Nuno Melo.