Editorial

Cinco compromissos

Chegados aos 145 anos como novos, rumo aos 150 que se assinalam em 2026, sentimos ser nosso dever envolver toda a comunidade que nos segue, e que do DIÁRIO continua a ter as melhores referências, num grande projecto anual com diversas valências. E arrancamos para esses cinco importantes compromissos com uma abordagem às alterações climáticas, realidade que tem tanto de urgente como carece de uma postura mais exigente por parte de quem quer ter mão firme num futuro que se afigura para já ameaçado, embora dependente de cada gesto redentor ao nosso alcance.

Mais do que uma bandeira informativa e social avulsa, datada no tempo e ditada pela urgência, num jornalismo sério e de causas queremos assumir em cada ano compromissos colectivos transversais. Tudo para que a cidadania inconformada faça parte de forma regular nos processos aos quais só é normalmente chamada a pronunciar-se de quatro em quatro anos e participe de pleno direito nas decisões que mexem com a vida de todos.

Numa demorada conversa com um dos entrevistados da edição de hoje, o jornalista Filipe Santos Costa, concluímos que jornalistas, políticos e cidadãos não habitam campos opostos da mesma sociedade quando em causa está o bem maior.

Salvaguardando a especificidade de cada missão, importa por isso percorrer um caminho comum de forma co-responsável e humilde, seguir sem desculpas um rumo gerador de aperfeiçoamento mútuo e de intervenção determinada, o que implica que uns e outros se dispam de preconceitos e renunciem ao amuo fácil; queiram trabalhar em parceria tendo presente a dimensão comunitária das tarefas essenciais; possibilitem a todos a participação na coisa pública numa lógica de ganho colectivo, hábito pouco treinado em sociedades marcadas por perigosos egoísmos.

Percebam os políticos que o nosso objectivo é comum, mesmo quando os incomodamos com perguntas que os cidadãos querem ver respondidas.

Percebam os decisores de todos os quadrantes que devem privilegiar abordagens na lógica da sustentabilidade integrada de forma equilibrada, pois as alterações climáticas não se combatem só ao nível do combustível e da energia, descurando outras dimensões como a água e resíduos.

Percebam todas as gerações que cuidar do ambiente é muito mais do que uma moda mediática, por vezes fustigada por ruídos que nos afastam do elementar contributo para que nada fique como está.

Estamos todos no mesmo barco, mas em vez da tradicional opção pelo “salve-se quem puder”, preferimos convocar todos os que podem salvar o Planeta. Ninguém vai querer deixar como herança ao seus um mundo bem pior do que aquele em que vivemos.