Veganismo na Madeira “é um estilo de vida”
Veganismo ganha terreno numa sociedade crítica. A VegMadeira, criada em 2017, tem como objectivo promover e divulgar este regime alimentar. Acima de tudo, a mudança deve ser feita de forma “cuidada”
“Quando não estamos preparados para a mudança tudo o que aparece de novo é visto como uma moda, mas o veganismo não é uma moda”. Pelo contrário, é um “estilo de vida”, que parte de pessoas que têm uma maior sensibilidade para as questões ambientais e animal, afirma Leontina Moreira, que começou por ser vegetariana há doze anos e hoje, dentro do possível e praticável, segue um regime alimentar vegano.
É verdade que o veganismo é mais “abrangente” que o vegetarianismo, mas acaba por ser a “evolução natural de quem adopta um estilo de vida saudável e de respeito para com todos os seres vivos e pelo ecossistema”. Os veganos não consomem nenhum produto de origem animal em nenhuma área de suas vidas: alimentação, vestuário, espectáculos ou qualquer actividade que envolva sofrimento ou exploração animal.
VegMadeira rejeita posições extremistas
A também responsável pela Associação VegMadeira rejeita posições extremistas por parte daqueles que ainda consomem carne e/ou peixe ou daqueles que optam por excluir os referidos produtos da sua alimentação ou vida. “A nossa sociedade ainda é muito crítica, mas é uma questão de tempo e de cultura e aprender a respeitar as opções dos outros. Já se aceita relativamente bem o vegetarianismo, mas quanto ao veganismo ainda há um longo caminho a percorrer”.
A nível da restauração, por exemplo, hoje em dia já se evidenciam respostas concretas para os vegetarianos. No entanto para um vegano a resposta do mercado ainda é praticamente inexistente, o que torna as refeições fora de casa mais limitadas. Ao chegar a um restaurante a opção que é dada, num primeiro impacto, é uma sopa ou uma salada.
“Se quisermos comer um pouco melhor, porque existem essas opções na nossa restauração, temos de optar por um restaurante ‘gourmet’, com óbvias mais-valias em termos degustativos e de matérias primas, mas com as devidas menos-valias no que respeita ao custo da refeição. Um bom exemplo do que acabo de referir são nos restaurantes ligados à hotelaria, onde encontramos chefes de cozinhas sensibilizados, com formação especifica e um grande ‘savoir faire’ para as questões veganas.”
Em qualquer mudança é preciso ouvir o nosso corpo
E não sendo o veganismo uma moda, Leontina Moreira sublinha que este processo de abdicar dos alimentos de origem animal precisa de ser “pensado” e “cuidado”. Cada corpo reage de forma diferente e é sempre aconselhada a consulta de um especialista da área da nutrição. Se bem que aqui recomenda atenção na selecção dos ditos especialistas, “porque no mercado proliferam clínicos e terapeutas que não se dignam sair da ‘caixa’ em que foram formatados nas universidades e hospitais”.
Para o sucesso de uma mudança do regime omnívoro para um regime de base vegetal, a dica é fazê-lo de forma progressiva e sobretudo ouvir o nosso corpo. Se a questão for a falta de vitamina, nomeadamente a B12, existem algumas opções de suplementação disponíveis no mercado. Quanto à proteína, o mundo vegetal é riquíssimo nesta área e por conseguinte nenhum vegetariano ou vegano com uma alimentação diversificada e equilibrada terá carências deste ou doutro nutriente.
Criada em 2017, a VegMadeira tem como objectivo promover e divulgar este regime alimentar junto da população, por entender que é o mais saudável e aquele que mais respeita o meio ambiente e os animais. “E apesar de estarmos numa ilha e da falta de formação em termos genéricos na restauração já existe de quase tudo no mercado regional. Há algumas lojas de produtos naturais, de qualidade. Só não é vegetariano ou vegano quem não pode ou não quer”.
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Opções alimentares no veganismo
Grãos & Cereais - Aposta nos grãos integrais. Bons exemplos são arroz integral, cevada, quinoa, aveia, gérmen de trigo, centeio, milho e sementes. Massas, pães de grãos e cereais integrais também entram nesta categoria.
Legumes & Verduras - Comem grande variedade de vegetais e legumes coloridos. Incluem vegetais crus. Os vegetais verdes são excelentes fontes de folato, que actua na produção e manutenção das células.
Frutas - Frutas são ricas em vitaminas, sais minerais e fibras. Os veganos consomem alimentos que possuem Ferro juntamente com frutas ricas em Vitamina C para aumentar sua absorção.
Vegetais ricos em Cálcio - Folhas verde-escuras como brócolos, couve, repolho, nabiça fazem parte da dieta vegana para suprir a necessidade de cálcio.
Feijões, Nozes & Leguminosas - Feijões, grão-de-bico, ervilha, fava, soja, lentilha, tremoço e cogumelos são alimentos ricos em proteínas e ferro. Leveduras são ricas em Complexo B que colabora para o metabolismo celular.
Omega 3, Vitamina B12 & Vitamina D - A melhor fonte de Ômega 3 é o óleo de linhaça. Pode ser usado em saladas, batatas assadas, verduras e grãos. Procuram por alimentos fortificados de Vitamina B12.