Madeira

Quase um em cada três jovens acha normal o controlo

Estudo sobre violência no namoro promovido pela UMAR revela que ainda há muito trabalho a fazer. A violência física vai perdendo expressão

Os resultados foram apresentados esta manhã numa conferência de imprensa.   Foto DR
Os resultados foram apresentados esta manhã numa conferência de imprensa. Foto DR

Há ainda muito muita violência e muita desvalorização da violência no namoro e por isso ainda um longo caminho a percorrer na consciencialização desta problemática, conclui a UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta na sequência do estudo realizado a 454 jovens nas escolas sobre a violência no namoro. Os resultados revelam que houve uma diminuição da legitimação da violência no namoro, mas um aumento dos indicadores de vitimação em termos de violência sexual e física, que passaram de 3% para 9% no primeiro caso, e de 7% para 9% no segundo. A perseguição manteve-se nos 18%, comparativamente com os resultados de 2019. Apenas a violência psicológica diminuiu de 23% para 21% nestes indicadores.

Numa análise mais pormenorizada aos resultados deste ano, fruto da resposta aos questionários dadas por jovens entre os 11 e os 20 anos, o controlo surge na legitimação de violência no namoro como a forma de violência em média mais legitimada, com quase um terço dos inquiridos a aceitar. Logo no rasto vem a perseguição com 27%. A violência física é a forma menos aceite, com 9% em média. A violência através das redes sociais é vista como normal por 18%. Por sexo, são eles quem mais acha aceitável o controlo com 43%, assim como a perseguição e a violência sexual (38% e 32%).

Já nos indicadores de vitimação, as respostas foram dadas apenas pelos jovens que já estiveram numa relação (63% do total de participantes). Aqui a violência psicológica vem em primeiro lugar, com 21% de queixas, seguida novamente pelo controlo, que chegou a 20% e pela perseguição, que atingiu os 18%. Por sexo, são elas apresentam números superiores nos três principais indicadores - 27%, 25% e 19%, face a 16%, 15% e 16% dos rapazes.

Este estudo vem na continuidade dos que a UMAR vem realizando no âmbito do Art’themis, desenvolvido em parceria da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género da Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, com o objectivo de alertar e consciencializar para as causas e consequências da violência de género e doméstica. Nas concussões, a associação reafirma a importância da prevenção primária da violência de género em contexto escolar ser desenvolvida de forma holística, sistemática e continuada. A integração deste estudo quantitativo em outros estudos qualitativos “é fundamental” para que melhor se compreendam as dinâmicas de violência juvenis nas relações de intimidade”, também é defendida.