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Líderes da oposição venezuelana votam em consulta popular com pouca adesão

Iniciativa de protesto por eleições, realizadas a 6 de Dezembro, que consideram viciadas

Foto EPA/Henry Chirinos
Foto EPA/Henry Chirinos

Líderes da oposição na Venezuela votaram hoje presencialmente numa consulta pública que está a decorrer sobre a legitimidade das recentes eleições legislativas, com fraca adesão segundo jornalistas.

A oposição, aliada do presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, não participou nas eleições de 06 de dezembro e convocou uma consulta popular contra Nicolás Maduro e contra as eleições legislativas, que começou na segunda-feira, de forma digital, e termina hoje de forma presencial, em 7.000 mesas de voto de 3.000 lugares do país.

"Já participei (...) na #Consulta Popular. Nós, venezuelanos, estamos hoje nas ruas para expressar a nossa vontade de lutar para mudar o nosso país. Levanta a tua voz", escreveu Juan Guaidó na rede social twitter.

Apesar dos apelos, segundo a AFP houve uma baixa presença pública junto dos locais de voto na capital, com a oposição a falar de "intimidação" e de situações de ameaças junto dos locais de voto por parte de "grupos civis armados pró-regime", em várias regiões do país e também em Caracas.

Também a agência de notícias Efe noticiou a baixa afluência na capital para votação presencial, ainda que o líder da oposição tenha visto "muitíssima participação". A Efe relata situações de mesas sem filas de pessoas para votar.

Juan Guaidó, citado pela agência, falou de "muitíssima participação" através da internet, embora sem apresentar dados precisos.

Para o dirigente, há um "grande contraste" entre a participação na consulta pública e nas eleições do último domingo, nas quais votaram 30,5% dos eleitores, que classificou de fraude. A participação na consulta, disse, representa uma "manifestação da vontade dos venezuelanos", que não só recusam a fraude como mostram "uma vontade férrea de avançar".

Na consulta popular pergunta-se aos venezuelanos se apoiam "todos os mecanismos de pressão nacional e internacional" a favor de "eleições presidenciais e legislativas livres", e se rejeitam as eleições de 6 de dezembro, ganhas pelo campo dos "chavistas", do Presidente em funções, Nicolás Maduro.

Leopoldo Lopez foi outro líder da oposição que votou também na consulta mas em Bogotá, na Colômbia, e fê-lo como "um grito de liberdade", cumprindo com o exercício do seu direito constitucional, disse aos jornalistas.

"Estamos a exercer o nosso direito constitucional (...) de levar em frente uma consulta cidadã, uma consulta popular que foi promovida pela sociedade civil e que foi assumida pela Assembleia Nacional, e que foi liderada pelo nosso presidente Juan Guaidó", afirmou.

Na Colômbia há 35 locais de voto presenciais e quando o dirigente chegou a um desses locais estavam para votar cerca de duas dezenas de pessoas. O responsável está desde quarta-feira a fazer um périplo pela Colômbia, procurando fortalecer a oposição internacional contra Nicolás Maduro.

Na consulta, os eleitores só têm de responder "sim" ou "não" a três perguntas que foram aprovadas pela Assembleia Nacional (Parlamento), atualmente com maioria da oposição mas cujo mandato termina a 05 de janeiro.

No domingo, a aliança de partidos que apoiam o Governo do Presidente Nicolás Maduro venceu as eleições legislativas, com 67,6% dos votos, segundo o Conselho Nacional Eleitoral, conquistando 255 dos 277 lugares no Parlamento.

No entanto, para Juan Guaidó não há deputados eleitos porque, disse, não reconhece os resultados. O responsável afirmou aos jornalistas que com estas eleições se está a passar o mesmo que em 2018, quando Nicolás Maduro foi eleito como Presidente numas eleições recusadas por parte da comunidade internacional.

Em janeiro do ano passado Juan Guaidó proclamou-se Presidente interino e foi reconhecido por meia centena de países.

Ainda que se desconheçam os resultados da participação ou a resposta dos cidadãos, Juan Guaidó assegurou que a atual Assembleia Nacional vai continuar.

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