Em vésperas de mais um (atípico) Natal, pudemos recentemente constatar o que a natureza nos presenteou; umas ricas chuvadas à moda antiga como há muito tempo não se verificava. Esta bendita água, agora drenando no subsolo de terrenos agradecidos e, ressurgindo nos mais diversos sítios do “melhor destino insular do mundo” segue o seu percurso natural com destino ao mar ou ao consumidor final. Exceptuando uma ou outra situação de perigo eminente e de desconforto que o mau tempo originou, note-se que, grande parte desta água retida para benefício da população vai chegando à casa das pessoas agora com maior abundância. Aleluia! Desta, também beneficiam os estabelecimentos comerciais e a indústria em geral que, neste caso, pagam a preço de ouro o precioso líquido. É incompreensível, que muitos destes estabelecimentos vivendo os mais diversos constrangimentos de uma pandemia inesperada, possam ainda assim, ser afectados com os valores exorbitantes da água e não só, pelos seus distribuidores. Lembro que, no decorrer deste final de 2020, só no Concelho do Funchal cerca de 1/3 dos lojistas das diferentes actividades, já fecharam portas. Contudo, aos restantes sobreviventes cobram-se valores ofensivos por este bem essencial que é afinal de todos nós. Sim, é verdade que há custos associados ao armazenamento, canalização e gestão dessa água, mas, o preço que as pequenas e microempresas pagam, é no mínimo escandaloso. Portanto, se a CMF quer ajudar as pessoas e as empresas, que o faça agora, revendo também os valores de facturação dos respectivos consumos. Todos sabemos que 2021 será um ano de eleições, daí as promessas e os investimentos previstos pelas autarquias e governantes em geral, serem não apenas direcionadas para o cidadão comum, como também para a massa empresarial, nomeadamente na área da alimentação e bebidas. Lembro que, apoiar não é apenas prometer, mas sim concretizar sem demagogias, e não apenas gerir com obsessão, as ditas “receitas camarárias”. Fiquem bem, fiquem em segurança.

Vicente Sousa