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Brasil volta a ser palco de manifestações

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Manifestações antirracistas realizaram-se hoje em diversas cidades brasileiras na sequência da morte de um homem negro em Porto Alegre, na quinta-feira, que foi espancado até à morte por seguranças brancos de um supermercado Carrefour.

No Rio de Janeiro, cerca de 100 manifestantes reuniram-se num centro comercial onde se encontra um dos supermercados do grupo francês, segundo a AFP, que deu ainda conta de protestos em Salvador da Bahia e Santos, com dezenas de pessoas a apelarem a um boicote àquela cadeia de supermercados, numa repetição de protestos que marcaram a atualidade do Brasil nos últimos dois dias.

"Já não aceitamos estas desculpas. Prometeram medidas, mas ainda não vimos nada", denunciou Djefferson Amadeus, do Instituto para a Defesa do Povo Negro, que se manifestou no Rio este domingo. Já Thais dos Santos, uma manifestante de 23 anos, garantiu que os protestos não vão parar e considerou que "o racismo ainda está muito presente no Brasil, não só no supermercado, mas também nas favelas".

Nos cartazes dos manifestantes no Rio, era possível encontrar as mensagens "Carrefour assassino" ou "Black lives matter", o slogan do movimento norte-americano que organizou os protestos em massa após a morte de George Floyd, um cidadão americano negro que morreu sufocado com o joelho de um polícia branco durante mais de oito minutos, em maio.

No Brasil, João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi espancado até à morte na noite de quinta-feira por dois seguranças brancos que trabalhavam para um supermercado Carrefour em Porto Alegre. As imagens de vídeo, que mostram a vítima a ser esmurrada por um segurança no parque de estacionamento enquanto o outro o segurava, chocaram o Brasil, que celebrou o Dia da Consciência Negra na sexta-feira.

Nesse mesmo dia, numa série de publicações em português no Twitter, o CEO do grupo francês, Alexandre Bompard, expressou as suas condolências por este "ato horrível" e classificou as imagens como "insuportáveis". Ato contínuo, defendeu "uma revisão completa das ações de formação para empregados e subcontratados em termos de segurança, respeito pela diversidade e os valores de respeito e rejeição da intolerância".

No sábado, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, criticou os movimentos antirracistas, acusando-os num discurso para a cimeira virtual do G20 de tentarem importar para o Brasil "tensões que não fazem parte da sua história". Já na sexta-feira tinha sido a vez do vice-presidente, o general Hamilton Mourão, assegurar que "não existe racismo" no país.

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