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Nesta época a reflexão e o reconhecimento são inevitáveis

É de praxe todos fazerem votos de ano novo. Sem concordar que deva ser regra, mas submetendo-me também a esta convenção social, quero apenas isto para 2020: que deixemos de ser desleais, egoístas, corporativistas e de pregarmos nas redes sociais aquilo que não somos. Se isso ocorrer, garanto, o ano será histórico e importante para todos nós. É o que espero e desejo aos meus verdadeiros amigos, colegas de profissão e àqueles que procuram ser corretos, não apenas em Dezembro, mas que fazem disso uma filosofia de vida.

Já que o costume estabelece, o que seria uma simples mudança cronológica, artificialmente destinada para nos nortear no tempo, torna-se um momento de reflexão, materializa-se como um intervalo para se fazerem reflexões. Daqui a pouco, 2019 ter-se-á transformado em lembranças apenas. Para não ficar de fora dessa tradição e portanto, não ser apelidado de “seco” ou indiferente - reflito sobre o que seria prioridade em 2020. O que esperar de um ano, com base no que tem ocorrido no anterior? Muitos dirão que querem mais dinheiro, alguns desejarão um carro, uma casa, ganhar o euro milhões, encontrar um novo amor, entre outros desejos semelhantes.

Eu costumo ir pelo lado oposto, e desta vez não farei diferente. Em 2020, respeitosamente, volto a me dirigir aos sócios da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP) e no geral a todos os homens e mulheres que servem a Polícia no Comando Regional da PSP.

É forçoso primeiramente reconhecermos que vivemos um momento singular, ressaltando porém, que o estado democrático de direito, alicerce de uma sociedade sadia, tem, ao longo dos últimos anos, sido colocado em risco, confiante na postura profissional serena e respeitosa, de cada um dos senhores e senhoras, continuamos lutando por uma segurança publica de qualidade, e respeito aos direitos, proteção das Autoridades constituídas e sobretudo, do reconhecimento dos serviços prestados.

Pelo meio, ainda temos que suportar e sobretudo ouvir os habituais dislates de alguns daqueles energúmenos que só sabem criticar a PSP de forma seletiva, isto apesar de termos à perna todos os dias a intromissão abusiva e doentia de uma outra polícia, apoiada de forma sem-vergonha com a protecção da Procuradoria da República da Comarca da Madeira, quando delega competências em determinados inquéritos em contexto de violência doméstica e em crimes de tráfico de droga a uma polícia que é considerada por lei territorialmente incompetente. Tudo isto nas barbas da Secretária do Sistema de Segurança Interna, causa-me preocupação, sim, essa distorção.

Mas, como vivemos um período transitivo, que é o final de ano, com comemorações natalinas e de réveillon, em que teoricamente todos refletimos sobre conquistas e falhas, nada mais justo do que considerar a possibilidade de voltarmos à “era do reconhecimento”. Que tal dizermos ao colega que ele é competente e que contribui imensamente para o trabalho dos demais? Acho que não há nenhum prejuízo quanto a isso, pelo contrário: assim fazendo, estamos provavelmente garantindo uma qualidade muito maior no seu desempenho, no futuro.

Vamos parar com as críticas destrutivas. Vamos entender o motivo de uma coisa não ter saído como deveria, ocupar um pouco o lugar do outro. Será que a vida inteira nós só fizemos acertar? Nunca erramos e por tal, achamo-nos no direito de menosprezar os outros pelos seus erros? Não deveria acontecer assim, mesmo porque entendo que cada um se destaca em dada habilidade. Não conheço uma só pessoa que domine todas as áreas e assim sendo, em algum momento, vamos nos encontrar limitados.

Vamos então celebrar o elogio, o reconhecimento, a capacidade de perceber os predicados positivos. Segundo a lei de causa e efeito, aquilo que vai sempre retorna e nesse caso, sempre será reverenciado aquele que conseguir também valorizar os seus semelhantes, sem esperar nenhum benefício, nenhuma compensação, nenhum lucro, realizando tudo de forma espontânea e natural.

Bom Ano para todos. Que o recomeço seja marcado pelo uso de palavras e ações concretamente positivas.