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Empresas denunciam “onda de indignação” por proibição do fogo-de-artifício

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A Associação Nacional de Empresas de Produtos Explosivos (ANEPE) denunciou ontem uma “onda de indignação” nas redes sociais devido à dualidade de critérios na aplicação da proibição de lançamento de fogo-de-artifício decretado pelo Governo.

“Afinal, não é para todos a proibição de lançamento de fogo-de-artifício decretada pelo Governo como uma suposta medida de segurança devido ao calor e consequente risco de incêndio. Houve exceções nos últimos dias e, esses casos, têm sido amplamente discutidos nas redes sociais, onde se gerou uma onda de indignação por parte das populações, visitantes, promotores, autarcas e empresas de pirotecnia”, referiu, em comunicado.

A ANEPE salientou que o espetáculo de pirotecnia de comemoração dos 15 anos do Rock in Rio em Lisboa, realizado no último fim de semana, perto do rio Tejo, foi autorizado “apesar de em outros concelhos e distritos do país terem sido proibidos eventos com as mesmas características, com fogo-de-artifício que também iria ser lançado em zonas fluviais e meio urbano”.

Classificando como “inédito” o interesse sobre esta “infundada medida” gerado pela opinião pública, manifestado quer nas redes sociais quer pelos partidos políticos, a associação acredita que as pessoas aperceberam-se da “injustiça” praticada.

Questionando a dualidade de critérios, a associação continua a dizer que esta medida de proibição é “avulsa, infundada e sem resultados práticos” no que diz respeito à diminuição dos incêndios registados no país.

E, a propósito de fogos, a ANEPE entendeu que as constantes proibições de espetáculos desta natureza têm estado a denegrir a imagem do setor e a gerar em parte da opinião pública a ideia de que o lançamento de fogo-de-artifício está diretamente associado aos incêndios.

Uma ideia que, diz, é contrariada pelos dados oficiais e estatísticos divulgados anualmente pelo Instituto da Conservação da Natureza e outros organismos independentes que revelam que o número de pequenos focos de incêndios relacionados com a atividade da pirotecnia não só têm diminuído ao longo dos últimos dez anos, como representam uma área ardida diminuta, sublinhou.

A acrescentar a isto estão os “prejuízos astronómicos” que as empresas de fogo-de-artifício voltaram a ter no último fim de semana devido a esta proibição, superior a mais de dois milhões de euros em espetáculos cancelados, revela.

Fonte do Ministério da Administração Interna (MAI) disse à Lusa não haver qualquer dualidade de critérios, lembrando um despacho governativo em que a Proteção Civil determinou a passagem de estado de alerta especial nível vermelho do dispositivo especial de combate a incêndios rurais para 13 distritos do Centro e Norte do país.

Os distritos em alerta vermelho, o mais elevado da escala, são Aveiro, Braga, Bragança, Castelo Branco, Santarém, Coimbra, Guarda, Portalegre, Porto, Vila Real, Viana do Castelo, Viseu e Leiria, devido às altas temperaturas esperados para os próximos dias e agravamento do risco de incêndios.

Na sexta-feira, o Governo prolongou a declaração de situação de alerta, em vigor até ao final do dia de domingo, até às 23:59 de terça-feira, devido ao calor e ao risco de incêndios.

De acordo com um despacho conjunto do Ministério da Administração Interna e do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, o prolongamento da situação de alerta, ativada desde as 0:00 de quarta-feira, é justiçado pelo “agravamento das condições meteorológicas para a globalidade do território do continente”, que aumenta o risco de incêndios.