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Marca Madeira

Não hesitei quando tive de confrontar a direção nacional do meu partido com o interesse da minha Região

Começo por referir que nunca me senti tão madeirense como agora.Em São Bento senti na pele a desconfiança com que a maioria olha para nós e o profundo desconhecimento que continua a existir em relação à nossa realidade e aos nossos problemas.

Não hesitei quando tive de confrontar a direção nacional do meu partido com o interesse da minha Região e quando optei por este último fui sancionada disciplinarmente perdendo o cargo de vice-presidente.

Agora como nunca tenho a consciência da premência da Madeira ter uma voz ativa, dedicada e persistente na Assembleia da República.

Ainda bem que optei por concentrar a maior parte do meu tempo e os últimos quatro anos, nos anseios, nas expectativas e na defesa intransigente dos madeirenses e porto-santenses.

Em quatro anos, fiz mais de 60 intervenções em plenário, 430 audições, mais de 310 perguntas escritas ao Primeiro-ministro e aos diversos Ministros do Governo da República numa verdadeira “marcação cerrada” em defesa da Madeira.

Levei para o centro do debate político nacional questões importantes como o financiamento do novo Hospital da Madeira, a revisão dos juros da divida e do subsídio de mobilidade e o ferry.

Abri as portas do parlamento nacional a muitos madeirenses e porto-santenses, organizei várias iniciativas de valorização dos nossos produtos regionais e nunca deixei de reunir semanalmente na Madeira, pondo em prática o meu compromisso de proximidade com os eleitores.

Dei o meu máximo para honrar o voto de confiança que os madeirenses e porto-santenses me conferiram e para representar da melhor forma a Madeira no parlamento nacional.

Lutei sempre pela nossa Região, contra toda e qualquer discriminação do Governo Central.

Não tenho dúvidas de que a nossa ação foi decisiva para a defesa da Madeira na República.

Conseguimos fazer aprovar um regime jurídico de segurança a bordo, um regime para a agricultura familiar na Madeira, a redução do IVA para 5% do mel de cana, a redução do IEC para os produtores do sidra, a majoração de IRS para as famílias dos estudantes que frequentem estabelecimentos de ensino superior na Madeira, a redução parcial da taxa de juro do empréstimo da Região, o radar meteorológico, os detetores de trovoada e outros equipamentos necessários à deteção de ventos no Aeroporto da Madeira.

Conseguimos ainda e pela primeira vez fazer aprovar a extensão dos apoios nacionais e da internacionalização aos artistas madeirenses, a consagração de um subsídio de insularidade a todos os trabalhadores da Universidade da Madeira, a devolução de verbas aos trabalhadores não avaliados das Câmaras Municipais, como foi o caso da Ribeira Brava e a possibilidade de todas as famílias afetadas pelos incêndios poderem aceder a apoios nacionais independentemente dos seus rendimentos.

Obrigamos o Governo da República a recuar na intenção discriminatória de prejudicar os professores colocados na Região, que pretendessem aceder aos concursos nacionais e impedimos a desmontagem de um estúdio de rádio da Madeira para os Açores.

Denunciamos o encerramento dos balcões dos CTT na Madeira, a falta de investimento do Governo da República nas esquadras da PSP, nos tribunais, na RTP- Madeira, o abandono dos serviços da República na Região pelo Governo de Lisboa e o não pagamento de uma dívida superior a 18 milhões de euros.

Manifestamos também o nosso desagrado e veemente protesto por diversas atitudes inaceitáveis da TAP e perante a discriminação da ADSE aos inúmeros beneficiários madeirenses e porto-santenses.

Apresentámos o maior número de iniciativas legislativas em prol da Madeira e inúmeras propostas de alteração aos diversos Orçamentos do Estado.

Os madeirenses e porto-santenses acompanharam o nosso trabalho parlamentar que me atrevo modestamente a considerar em jeito de balanço como muito positivo.

Ao longo do mandato procurei deixar uma marca, uma marca de trabalho, de persistência e luta na Assembleia da República - a marca Madeira.