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Todos somos responsáveis

Somos livres de tomarmos as decisões que considerarmos, mas não nos livramos das consequências dessas decisões

Vivemos o que coletivamente escolhemos e não necessariamente o que merecemos. Pelas atitudes tomadas, posturas assumidas, pelo envolvimento e até pelo alienamento, todos nós temos uma responsabilidade solidária pelas opções tomadas em grupo.

Apesar de muitos de nós merecermos muito melhor, a nossa vida fica influenciada pelo que se decide em comunidade, quer concordemos, ou não, com as regras e opções tomadas. Somos livres de tomarmos as decisões que considerarmos, mas não nos livramos das consequências dessas decisões.

Se bem se lembram, antes das eleições regionais de setembro muitos alertaram para os riscos e ameaças que ensombravam o futuro da Madeira. 2 meses após as eleições surgem já algumas notícias e informações económicas que dão razão a alguns desses alertas. Existe um “juiz” chamado tempo que acaba por nos demonstrar quem realmente tem razão.

Sem qualquer margem para dúvida o povo decidiu e é soberano, mas, agora, iremos viver coletivamente as consequências da opção tomada.

Reclamar e nada fazer para mudar, faz-me lembrar aquelas situações de violência doméstica em que a mulher reclama, sofre, sabe que não está bem, não é feliz, mas nada faz para sair da situação. Quantas situações destas existem? E é só em contexto familiar que isto acontece? O que dizer do que se passa em muitos contextos laborais? Quantos sofrem pressão psicológica no ambiente de trabalho, calam-se e nada fazem para alterar a sua situação? E politicamente? Quantos estão à nossa volta e se comportam desta mesma forma? Quantos são agressores e quantos são vítimas? É ficção o que questiono?

Abraham Lincoln uma vez disse: “Se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder.” Não é à toa que um bom projeto nas mãos de um líder medíocre é um mau projeto e um projeto mediano nas mãos de um grande líder é um grande sucesso. Analisar o carácter dos líderes é, por isso, primordial para melhor decidirmos coletivamente. Ter mente aberta sem fanatismos é essencial. Acredite: o tempo tudo revela e o tempo é um excelente professor.

Elevação, sabedoria e conhecimento exige-se, mas para termos tudo isto, é preciso que enquanto comunidade saibamos exigir isto aos nossos governantes. Precisamos de expressar o nosso desagrado por atitudes impróprias refletidas em decisões governativas. Só assim conseguimos contrariar as arrogâncias que cresceram como ervas daninhas nalguns elementos que se acham a última bolacha do pacote.

Criancices com barracas e barracadas e a estratégia agora assumida pelo PSD-Madeira de oposição por simples derrube sem se preocupar com o que a nossa cidade e freguesias precisam é uma oposição demasiado fraca. Delírios em frente às câmaras de televisão, vaidosos porque “vão aparecer na televisão” dão apenas 5 minutos de fama que em nada contribuem para a nossa felicidade enquanto cidadãos.

Na Assembleia Legislativa Regional, as intervenções dos deputados do governo não apresentam a elevação exigida. Recusar propostas da oposição pelo simples facto de serem da oposição, independentemente de serem boas ou más propostas não honra o trabalho do órgão mais importante da democracia que é a nossa Assembleia. Escudar-se por detrás de ataques de baixo nível para justificar a total ausência de preparação para a discussão também não é nada dignificante. Senhores deputados, como cidadã, peço-vos mais elevação e, por favor, deixem-se de aplicar tanto a palavra “pasme-se”. Não sei porque tanto usam essa palavra. Estão “pasmados” com os resultados eleitorais obtidos? De terem conseguido formar governo? Preocupem-se em fazer a coisa certa.

Como comunidade, precisamos de cultivar o enriquecimento mútuo e elevação como povo. Precisamos de ter consciência que coletivamente temos poder. Mas, nada acontece simplesmente porque reclamamos. Para termos a vida que sonhamos e merecemos, precisamos de tomar atitudes. Lutar com sabedoria e determinação porque a maldade assume muitas formas e é capaz até de se disfarçar com pele de cordeiro.

É preciso sonhar, acreditar e fazer acreditar! Uma andorinha não faz a primavera. Mas várias já fazem a diferença.

A todos desejo um Santo Natal em família e que o Ano Novo nos traga a força necessária para fazer o que é preciso ser feito.