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Pelo menos 105 elefantes morreram no Zimbabué por causa da seca

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Pelo menos 105 elefantes morreram em reservas naturais, a maioria nos parques nacionais de Mana Pools e Hwange, nos últimos dois meses, de acordo com a Autoridade de Gestão dos Parques Nacionais e de Vida Selvagem do Zimbabué.

Em Mana Pools, local considerado património da humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), o clima quente e seco é habitual nesta altura do ano, mas a fraca precipitação em 2018 piorou as condições climáticas este ano, afetando até o rio, que viu o seu fluxo reduzido.

Há mais de 12 mil elefantes nas planícies de Mana Pools, tal como leões, búfalos, zebras, cães selvagens, hienas, zebras e cefos (antílopes) que foram visivelmente afetados pela seca, com algumas impalas afetadas por sarna.

Além dos animais terrestres, o parque tem 350 tipos de pássaros e espécies aquáticas, segundo a agência que gere o parque.

Ainda que as chuvas sazonais sejam esperadas para breve, funcionários do parque e amantes da vida selvagem têm levado comida para os animais, com medo que muitos morram.

Uma das responsáveis no projeto Feed Mana, que está a fornecer alimentação suplementar ao parque, Mel Hood, afirma que os animais estão confinados às planícies secas onde as temperaturas chegam aos 45 graus Celsius.

As condições extremas levaram a que as autoridades do parque abandonassem a sua política habitual de não intervir junto das espécies selvagens.

“Começa a ser sério”, declarou Munyaradzi Dzoro, um dos agentes do parque, perto dos restos mortais de um elefante e de um búfalo.

As últimas chuvas substanciais caíram em abril e Dzoro teme que a situação piore se não houver chuva no início de novembro.

Em outras partes de Mana Pools, as autoridades do parque têm bombeado água de poços fundos, mas os recursos quase não são suficientes, confessou.

“Somos forçados a intervir, o que é classificado como conservação manipuladora, porque não sabemos como ou quando iremos ter chuva”, afirmou Munyaradzi Dzoro, acrescentando que, para evitar perder animais, têm de intervir para manter o tamanho da população animal.

Nos últimos anos, Mana Pools tem recebido até 600 milímetros de chuva por ano, de acordo com o funcionário do parque, mas “com sorte”, agora, “consegue metade disso”.

Em Mana Pools, salvar animais tem sido um desafio para os agentes dos parques nacionais, que afirmam que o Zimbabué foi severamente afetado pelas alterações climáticas.

A seca que tem afetado o sul de África tem impacto, naturalmente, nas pessoas.

Estima-se que cerca de 11 milhões de pessoas passam fome em nove países da região, de acordo com Programa Alimentar Mundial, que está a planear uma distribuição de alimentos em larga escala.

Os países do sul da África têm tido chuvas em quantidade regular apenas num dos cinco períodos vegetativos, afirmou a agência de ajuda humanitária da Organização das Nações Unidas.