Madeira

Cruz Vermelha reforçada com 35 novos voluntários

Cerimónia desta manhã foi ainda de reconhecimento a voluntários que exercem há vários anos

None Ver Galeria

Há 35 novos voluntários que foram preparados para prestar socorro à população através da Cruz Vermelha Portuguesa, que esta manhã oficializou a entrada ao serviço dos novos elementos, escolhidos de entre os cerca de 90 que se candidataram a um lugar. A cerimónia foi ainda palco para o reconhecimento público a 25 socorristas que já fazem parte do corpo há mais anos e que foram premiados com a Cruz de Exemplar Comportamento.

Rui Nunes diz que 35 é um bom número para o serviço diário, a Cruz Vermelha presta socorro à população durante a noite e ao fim-de-semana. “Eram os que nós necessitávamos para completar o efectivo, porque todos os anos nesta altura do ano saem muitos voluntários para a universidade”. Com estes, ficam com cerca de 140 voluntários no efectivo, um número muito bom para as situações regulares e bom para uma primeira abordagem em caso de uma situação de emergência, emboras em casos de calamidade, todos os voluntários são poucos.

O processo de preparação e selecção inclui componente física e teórica e contou com a colaboração do Serviço Regional de protecção Civil. “Passam por um processo de selecção bastante intenso, por um crivo bastante apertado. E depois também eles próprios, alguns vão vendo que a expectativa que tinham inicialmente não é aquela que vai acontecer no fim e vão saindo”.

A grande procura deve-se na opinião do presidente da delegação da Madeira da Cruz Vermelha Portuguesa à grande divulgação que fazem do voluntariado junto das escolas e também aos acontecimentos internacionais que ajudam a dar visibilidade à marca.

Para ser voluntário basta ter disponibilidade e assumir o compromisso para com os valores da organização, que são neutralidade, a independência, a universalidade, a unidade, o voluntariado, a humanidade e a imparcialidade.

A cerimónia foi o ponto alto do processo de recrutamento que começou em Fevereiro deste ano e que culminou com a entrada de 35 novos efectivos, homens e mulheres entre os 18 e os 35 anos, todas para a coluna de emergência pré-hospitalar. Foi a recompensa por terem conseguido “resistir aos apelos do facilitismo face às exigências da formação”, sublinhou o presidente, recordando que é a entrada numa instituição de carácter universal que completa 154 anos este ano em Portugal. Actualmente a actividade da instituição a nível internacional está muito centrada no apoio aos refugiados, aos que fogem da guerra. Mas actua ainda em situações de catástrofe natural, conflitos armados e não só. “Numa época em que a sociedade enfrenta dificuldades de toda a ordem, começando pela falta de emprego e pelas crescentes dificuldades em aceder aos cuidados de saúde e aos apoios de carácter social, o trabalho voluntário tem uma importância acrescida”.

No final da cerimónia, Mariana Rodrigues chorou. “Porque foram oito meses de trabalho e isto é o nosso esforço a ser recompensado agora”. A jovem de 19 anos, estudante de enfermagem, sente-se preparada para o desafio. Escolheu ser voluntária na Cruz Vermelha por já estar na área da saúde e porque acredita conseguirá fazer a diferença. Quando lhe perguntámos o que mais gostou, respondeu com entusiamo: “O processo todo! O conhecer pessoas novas, e estar dentro de uma ambulância, as sirenes, o poder fazer a diferença com pequenos gestos, também”. A parte física foi a mais difícil e o que mais teme agora é “encontrar algum familiar numa situação um bocadinho complicada”. Num outro campo, transpor todos os conhecimentos teóricos para a prática em situações de stress também representa um desafio que espera ir superando, num compromisso que espera ser para muitos anos.

Outro dos voluntários que também fizeram a festa no final da cerimónia foi Valter Jau, para quem o processo de recrutamento correu bem. O que o levou à Cruz Vermelha foi o facto de ser já escuteiro e ser socorrista é uma mais-valia. O estar habituado ao esforço físico e o praticar actividade física facilitou o ingresso. Diz que o voluntariado na Cruz Vermelha pode ser para qualquer um. “Qualquer um consegue, basta ter capacidade e a preparação psicológica”.

As especificidades do curso, o facto de terem de assimilar muita informação foi o mais difícil, no seu caso. Entretanto já teve oportunidade de prestar socorro na vida rela e correu bem. Da sua parte, o que mais lhe custa é a ideia de encontrar crianças ou idosos em situações mais complicadas, confessa o jovem de 18 anos, estudante de ciências e tecnologias.

A Cruz Vermelha pede a cada um que dê pelo menos 200 horas por ano, o que corresponde a uns três dias por mês, em turnos de 8 ou 12 horas.

A Cruz de Exemplar Comportamento foi entregue em ouro a sete voluntários que têm 20 anos de serviço; em prata a dez que têm dez anos de serviço seguidos ou 12 intercalados; e em cobre a outros oito voluntários, que completaram quatro anos seguidos ou seis interpolados.