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Ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia acusou Trump de forçar a sua demissão

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A ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia Marie Yovanovitch disse hoje, na comissão de inquérito para a destituição de Donald Trump, que o Presidente pressionou o Departamento de Estado para a demitir do seu cargo.

Marie Yovanovitch foi hoje depor ao Congresso no âmbito do inquérito de destituição de Donald Trump, acusado de pressão sobre o Presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, para investigar um seu adversário político, no que pode constituir um abuso de poder no exercício do cargo.

Yovanovitch foi retirada do cargo de embaixadora na Ucrânia, por falta de confiança política, na altura em que Rudolph Giuliani, advogado pessoal de Donald Trump, começou a exercer pressão junto das autoridades ucranianas para investigarem a atividade do filho de Joe Biden, ligado a uma empresa da Ucrânia que está a ser investigada pela justiça.

Perante a comissão de inquérito, Yovanovitch disse que foi demitida “abruptamente”, em maio passado, por falta de confiança política.

A ex-embaixadora acrescentou que foi informada por membros do Departamento de Estado, onde é funcionária, de que “havia uma campanha concertada” contra ela e que o Presidente dos Estados Unidos tinha pressionado os seus superiores hierárquicos para a demitir, há mais de um ano.

“Embora eu entenda que servi de acordo com as instruções do Presidente, fiquei incrédula por o Governo dos EUA ter decidido remover um embaixador baseado, na melhor das hipóteses, em alegações infundadas e falsas de pessoas com motivos claramente questionáveis”, esclareceu Yovanovitch, na declaração que fez na comissão de inquérito.

A dúvida pairava sobre se Marie Yovanovitch iria depor na comissão de inquérito já que ela ainda é funcionária da administração Trump e a Casa Branca tinha enviado, esta semana, uma carta para o Congresso, dizendo que se recusa a colaborar e que impedirá os seus funcionários a colaborar no inquérito de destituição de Trump.

O depoimento da ex-embaixadora na Ucrânia pode ser útil para esclarecer o grau de influência que Rudolph Giuliani teve na tentativa de convencer as autoridades ucranianas a investigarem as atividades junto de uma empresa local de Hunter Biden, filho de Joe Biden, ex-vice-Presidente e atual adversário político do Presidente.

Num telefonema, em 25 de julho, Donald Trump disse ao Presidente Vladimir Zelensky que precisava de um favor, referindo-se a investigações à hipótese de interferência dos serviços de inteligência ucranianos nas eleições presidenciais de 2016 e ao filho de Joe Biden, pelo seu alegado envolvimento em casos de corrupção de uma empresa da Ucrânia.