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Alemanha pede perdão aos homossexuais pela perseguição nazi e judicial

FOTO Reuters
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O Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, pediu hoje perdão aos homossexuais pelos crimes do nazismo e lamentou que durante décadas se tenha perseguido judicialmente este grupo.

“Chegámos tarde”, admitiu Steinmeier perante o monumento às vítimas homossexuais do III Reich, numa alusão à lei aprovada no ano passado, através da qual se anulam as condenações impostas durante a II Guerra Mundial, com base no artigo 175 do Código Penal, agravado durante o nazismo e não abolido completamente até 1994.

O monumento em memória a este coletivo perseguido pelo regime de Adolf Hitler foi erigido há 10 anos e consiste num pilar de quatro metros de altura, desenhado pelos artistas Michael Elmgreen e Ingar Dragset. No seu interior é possível assistir a um vídeo com dois homens a beijarem-se.

Situado no parque central berlinense de Tiergarten, o monumento presta homenagem aos 7.000 gays e lésbicas que se estima terem morrido nos campos de concentração durante o III Reich e aos mais de 54 mil que foram processados pela sua orientação sexual, entre 1933 e 1945.

“Como presidente federal é importante para mim dizê-lo: o vosso país fê-los esperar demasiado tempo”, afirmou Steinmeier, acrescentando: “Peço-vos perdão por isso. Pela dor e pela injustiça passadas e pelo longo silêncio que as sucedeu”.

O governo da chanceler Angela Merkel aprovou no ano passado uma lei, através da qual se anulam as condenações impostas desde o final da II Guerra Mundial, em virtude do tal artigo do Código Penal que tinha sido implantado no século XIX e endurecido no nazismo, suavizado nos anos 60, mas em vigor até 1994.

A coligação entre o bloco conservador de Merkel e os sociais-democratas impulsionou finalmente em 2017 a reabilitação dos condenados com base nessa lei.

Estima-se a existência de 64 mil processos penais na Alemanha com base no artigo 175 do Código Penal, na sua maioria antes do final da década dos anos 60, quando se suavizou essa lei na Alemanha ocidental.

O governo de Merkel aprovou no ano passado uma indemnização de 3.000 euros para cada condenado, além de 1.500 euros por cada ano de privação de liberdade sofrido, para as 5.000 pessoas afetadas que se estima ainda estarem vivas.