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Chantagem não, Sr. Primeiro-ministro!

Há alguns meses atrás, o ministro da educação, Tiago Brandão Rodrigues, afirmava em alto e bom som que estava determinado em lutar “radicalmente” pelos direitos dos professores. Poucos meses passados,e no início desta semana, o titular da pasta da Educação decide romper com as negociações com os sindicatos que reivindicam, justamente, a recuperação integral da contagem do tempo de serviço. Foram 9 anos, 4 meses e 18 dias de congelamento da progressão nas carreiras, imposta pelo governo das Direitas, que devem ser recuperados. O Governo, de forma inaceitável, chantageia vergonhosamente as organizações representativas de milhares de professores deste país, acusando os sindicatos de intransigência nas negociações quando, como se sabe, foi o Ministério da Educação que não evoluiu, nem um milímetro, na sua proposta inicial de recuperar apenas 2 anos, 9 meses e 19 dias. Esta chantagem, apadrinhada pelo primeiro-ministro aquando do último debate mensal no Parlamento, é a prova de que o Executivo de António Costa começa a ceder a interesses diversos daqueles que levaram à solução de apoio parlamentar maioritária ao governo, de caráter anti-austeritário e de defesa dos direitos dos trabalhadores. A chantagem não pode passar, Sr. Primeiro-ministro. E olhe que existem muitos trabalhadores deste país que viram também as suas progressões congeladas e o seu salário ‘mingar’, a quem é necessário repor a justiça. A seu tempo, lá iremos!

Post-scriptum: sobre esta questão da reposição da contagem do tempo de serviço aos docentes da Madeira, o governo regional e o secretário regional da Educação andam a ‘fazer-se de mortos’. Após declarar, no Parlamento, que, na Madeira, “a contagem do tempo de serviço seria integral”, Jorge Carvalho tem deixado o barco correr e nada tem feito. Quando confrontado com esta inércia, o titular limita-se a arengar umas justificações mal-amanhadas, reafirma a intenção de fazer justiça aos professores, e volta a ‘empurrar com a barriga’ a resolução desta questão para um tempo que há-de vir. Veja lá se o povo acorda antes disso!