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Acusação pede prisão perpétua para inventor dinamarquês que matou jornalista

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O Ministério Público da Dinamarca pediu hoje prisão perpétua para Peter Madsen, julgado por tortura, homicídio e profanação de cadáver da jornalista sueca Kim Wall, em agosto de 2017, a bordo do submarino que construiu.

O veredicto pode ser anunciado a partir de quarta-feira.

Citando pareceres psiquiátricos segundo os quais Madsen é um “perverso polimorfo” que apresenta um “risco elevado de reincidência”, o procurador Jakob Buch-Jepsen sustentou que o acusado “pensava estar a cometer o crime perfeito” ao lançar o corpo mutilado da vítima ao mar na baía de Koge, perto de Copenhaga.

“Ele tinha um plano criminoso ideal, como confidenciou a um amigo por sms”, acrescentou o procurador, pedindo que Madsen seja condenado a prisão perpétua.

Mesmo sem provas materiais irrefutáveis, o procurador pediu ao coletivo -- uma juíza e dois jurados -- que recorram ao seu bom senso e condenem Peter Madsen por homicídio, sevícias sexuais agravadas e profanação de cadáver.

Entre o desaparecimento de Kim Wall, a 10 de agosto de 2017, e o julgamento, Madsen, 47 anos, deu três versões diferentes dos factos.

Madsen começou por afirmar que Wall tinha saído do submarino no dia 10 em Copenhaga, alegou mais tarde que ela tinha morrido acidentalmente a bordo em consequência de uma pancada na cabeça de uma escotilha e, após a autópsia afastar esta hipótese, afirmou que a jornalista tinha morrido intoxicada por gases tóxicos que se libertaram devido a uma despressurização súbita da cabine.

Foi esta última versão que manteve no julgamento.

O processo da acusação recorre a relatórios da autópsia, de uma inspeção técnica ao submarino e de uma análise ao conteúdo do computador de Madsen para reconstituir a cena do crime.

A autópsia revelou 14 lesões internas e externas na zona genital da vítima, infligidas quando ela ainda estava viva, que provam, segundo o procurador, o caráter sexual do crime.

As causas da morte não puderam ser determinadas com certeza absoluta, mas os pulmões de Kim Wall apresentavam sinais de uma “asfixia mecânica”, por estrangulamento ou sufocação.

O procurador pede ao tribunal que relacione estes factos com a personalidade do acusado que tinha no seu computador pessoal filmes de torturas sexuais que foram visionadas pelo coletivo na sala de audiências.

Madsen justificou esses filmes não com um interesse sexual, mas um interesse de se “emocionar e chorar” e as lesões infligidas à jornalista como uma forma de evitar a formação de gases no cadáver para que não subisse à superfície.

O procurador Jakob Buch-Jepsen apresentou hoje os argumentos finais, seguindo-se a apresentação das alegações da defesa pela advogada Betina Hald Engmark, pondo fim aos 11 dias de audiências.