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O humorístico choque fiscal

Dois erros de palmatória marcaram o início da sua governação que serão muito difíceis de colmatar ao longo do seu Governo a prazo

A AD chefiada por Montenegro cuja tomada de posse aconteceu em 2 de Abril 2024 para o XXIV Governo da República, começou o mandato com o pé esquerdo. Dois erros de palmatória marcaram o início da sua governação que serão muito difíceis de colmatar ao longo do seu Governo a prazo.

Começou por anunciar um choque fiscal de 1500 milhões da autoria do seu Governo quando esse alívio já tinha sido anunciado no Governo anterior, no valor de 1300 milhões. Os deputados da AD bem se esforçam por justificar mas a verdade é que Montenegro apenas acrescentou 200 milhões ao tão badalado alívio fiscal. Outra trapalhada foi a nomeação de Patrícia Dantas por Morais Sarmento, como adjunta para o Ministério das Finanças quando era do conhecimento geral que a senhora deputado do PSD-M era arguida num processo de corrupção no qual está a ser julgada por emissão de faturas falsas no valor de meio milhão de euros. Se Sarmento não sabia deveria saber. O vexame aconteceu quando a senhora deputada foi desconvidada após 24h. Ou seja, em apenas 2 semanas de mandato o Governo cometeu dois erros grosseiros que serão inapagáveis na futura governação deste executivo. Muito se fala em judicialização da política mas quando os políticos perdem a vergonha é natural que isso aconteça. Disse e repito que a culpa deste país se tornar ingovernável nos próximos tempos cabe, por inteiro, ao Senhor Presidente da República que teve a visão de um comentador político quando demitiu um Governo com maioria estável e não a de um presidente da República que deveria pugnar pelos interesses do país e não empurra-lo para o caos. A prova provada é que o processo “Freelancer” acabou em águas de bacalhau. Mesmo que Marcelo afirme que a democracia faz-se e desfaz-se todos os dias, não é para se levar a sério porque os portugueses não querem brincar à democracia mas sim pratica-la a sério. Chega-se à triste conclusão que os políticos não respeitam a justiça, esta não respeita os políticos e os portugueses já não respeitam nem uns nem outros.

50 anos de liberdade periclitantes passaram e pouco aprendemos. Embora não seja uma democracia “velha” também não é assim tão “jovem” que ande ainda a chafurdar em busca da maturidade e de políticos competentes. É significativo que à passagem da efeméride, Portugal Continental e Regiões autónomas dos Açores e Madeira enfrentem a ingovernabilidade porque certos políticos desonestos estão a arrastar o país para um pântano de areias movediças, para o qual vai arrastando os portugueses. Nesta data que marcou a rotura com a ditadura que nos ofereceu a liberdade, é exigível, no mínimo, que se eleja governantes competentes e honestos que combatam com firmeza o flagelo da corrupção, o pior perigo para a democracia, que não se sirvam dos cargos para enriquecer, que sejam verdadeiros e coerentes e que a justiça seja célere e eficaz servindo o país e os seus cidadãos, que combatam o capitalismo selvagem que está a desequilibrar o país financeiramente. As oportunidades devem ser iguais para todos. O país precisa de todos, empresas financeiramente saudáveis e trabalhadores que se sintam motivados para produzir. A riqueza de um país não pode assentar sobre a desigualdade social onde uns vivem da opulência e outros com a mão estendida à caridade. Os países nórdicos da Europa há muito seguem uma doutrina de distribuição de riqueza mais equitativa e vivem com maior justiça social onde o povo gosta e respeita a democracia. Foi por estes princípios que um grupo de bravos militares, há meio século, arriscaram a vida para nos devolver a liberdade e nos retirar da miséria em que vivíamos. Senhores políticos respeitem os valores de Abril e não desperdicem essa dádiva. Estou a ser utópico? Sou um sonhador? Talvez! Mas deixem-me sonhar porque “enquanto o homem sonha o Mundo pula e avança” e eu tenho esperança que no futuro o meu pais vai avançar, quer nas condições de vida próspera quer no respeito pelos valores das liberdade. Enquanto continuarmos dependentes dos subsídios de um Estado patrão, para os transportes, para a habitação, para a saúde ou para o ensino não somos cidadãos de pleno direito, somos funcionários de Estado.

Um apontamento final sobre a guerra no Leste europeu entre a Rússia/Ucrânia e do Médio Oriente entre Israel, o Hamas e o Irão já que o conflito tende a alastrar-se perigosamente no contexto geopolítico envolvendo outros países, com veladas ameaças ao recurso do armamento nuclear. O perigo é real e mais do que nunca o povo deve ter muito cuidado ao escolher governantes de mente sã, pois têm em mãos armas de longo alcance que chegam a qualquer parte do Mundo. Talvez a chamada “guerra fria” entre o bloco soviético e os EU nos anos 1947 a 1990, fosse uma “brincadeira” face ao perigo eminente, já que diversos países possuem armas nucleares e ameaçam fazer uso delas. Com ditadores insanos o Mundo está sentado sobre uma bomba nuclear.