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Raqa é atualmente o “pior lugar” para civis na Síria

Foto Reuters
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O “pior lugar” na Síria para a população civil é Raqa, sobretudo as zonas da cidade ainda controladas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI), a resistir às ofensivas de milícias curdas apoiadas pela coligação militar internacional.

“Contamos entre 20.000 e 25.000 civis ali, que estão a ser utilizados como escudos humanos pelo Estado Islâmico, numa zona onde há contínuos bombardeamentos aéreos da coligação”, disse em conferência de imprensa o coordenador humanitário da ONU para as áreas sitiadas na Síria, Jan Egeland.

“A situação não poderia ser pior para estas crianças, mulheres e civis apanhados no fogo cruzado, pelo que pedimos às milícias e à coligação que permitam que as pessoas fujam, tanto quanto for possível”, acrescentou.

Ao fazer um balanço da situação humanitária na Síria, o responsável disse que, ao contrário do que se esperava com as tréguas locais acordadas nos últimos meses em diversas zonas, o ritmo de deslocações forçadas não se reduziu no primeiro semestre deste ano.

“Sete mil sírios foram deslocados por dia, em média, na primeira metade de 2017”, precisou.

Contudo, simultaneamente, nunca desde que eclodiu o conflito, em março de 2011, tantos deslocados regressaram aos locais onde residiam e que tiveram de abandonar, totalizando até agora meio milhão de pessoas.

A cidade de Alepo, a segunda mais importante do país e o seu pulmão económico até grandes áreas ficarem em ruínas por causa dos combates, é o lugar a que mais deslocados estão a regressar, indicou Egeland.

De um modo geral, o coordenador humanitário disse que, neste momento, a ajuda humanitária “está a chegar a mais gente em mais lugares”, nove milhões de pessoas em junho último, em vez dos seis milhões em janeiro.

Por outro lado, a ONU anunciou que pela primeira vez desde maio passado se conseguiu fazer chegar uma grande coluna humanitária -- composta por meia centena de camiões -- à cidade síria de Duma, a apenas 20 quilómetros do centro de Damasco e sitiada pelas forças governamentais.

A coluna humanitária transportou ajuda para 35.000 pessoas, precisou Egeland.

“Isso implicou muitos esforços, muitas negociações e a ajuda da Rússia e de outros países”, disse à imprensa.

Duma, situada na área rural da província de Damasco, é uma das oito zonas sitiadas com população civil na região de Guta Oriental, adjacente à capital síria.

Em todo o país, 11 áreas onde vivem 540.000 pessoas continuam cercadas militarmente, uma estratégia muito utilizada pelo Governo sírio na guerra civil que se vive há seis anos no país.