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Jovens do século XXI – um futuro no presente

Quando os adultos olham a juventude de hoje, inevitavelmente fazem comparações com o seu “tempo” e para muitos, prevalece a ideia de que antigamente é que era bom, como se ao longo das gerações os jovens fossem perdendo qualidades e valor. Chegou-se ao ponto de usar a expressão “geração rasca”, quando por vezes são os adultos que ficam à rasca quando procuram compreender, educar e orientar os jovens, com tantas mudanças tecnológicas e socioculturais.

Por exemplo, a chegada da internet e das novas tecnologias introduziram muitas nuances desconhecidas e que requerem capacidade de adaptação dos mais velhos, pois a geração atual pertence à era tecnológica, são jovens que já nasceram “conectados”, em que tudo está acessível, apenas num click. Hoje, são inúmeras as formas de comunicação que os jovens carregam no telemóvel e que favorecem também a facilidade de estabelecerem relações com outros, mesmo com aqueles que não conhecem, alargando o leque de pessoas a quem estão ligados. A comunicação que era feita cara a cara, deu agora lugar à comunicação virtual, o que veio facilitar os contactos pois é mais fácil escrever algo para alguém do que dizê-lo pessoalmente, abriram-se caminhos que facilitam a socialização e a ligação ao outro e ao mundo.

Se, por um lado, os jovens são mais desenvolvidos biologicamente, socialmente e no acesso à comunicação (de tal forma que a idade de início da adolescência foi antecipada com o passar dos tempos) por outro lado, a emancipação e independência do jovem é cada vez mais tardia; são adolescentes mais cedo e continuam a sê-lo até mais tarde. Vista pelos jovens, a vida é um futuro infinitamente longo, pois vivem o aqui e agora – o imediatismo - a noção de futuro é ainda vaga e com um significado muito abstracto. Não será o futuro determinado pelas escolhas de hoje? A tendência para estilos parentais superprotetores desencadeia, em muitos jovens, o sentimento de maior insegurança perante as decisões do dia a dia, que se traduzem no seu percurso de vida, quer a nível profissional, quer a nível pessoal.

Seja lá qual for a realidade, todos os jovens têm um futuro pela frente, que se constrói no dia a dia, nas pequenas e grandes decisões mas precisam, acima de tudo, de um porto de abrigo certo, que é sem dúvida, o cantinho mais seguro do mundo, adultos que sejam inspiração, amigos verdadeiros e relações que trazem ao de cima as suas potencialidades, criando momentos em que sejam postas à prova, conhecendo os seus limites na construção de um projeto de vida com significado e esperança no futuro!

A propósito do Dia Mundial da Juventude, assinalado a 30 de março, lembrei-me de uma frase e que apesar da sua simplicidade, sempre me inspirou na aproximação aos jovens: “Prevenir é ... simplesmente viver com os jovens, entrar nos seus problemas, ter experiências em comum, despertar os seus interesses, num clima ameno e cordial” (Viola Zalafi).