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Governo acompanha situação de portugueses na indústria da panificação na Venezuela

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O Governo está a acompanhar a situação dos portugueses na indústria da panificação na Venezuela, nomeadamente pelo medo da expropriação ou controlo das suas padarias pelas autoridades venezuelanas, garantiu hoje o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

“Temos vindo a acompanhar esta matéria relacionada com a indústria da panificação, na qual temos muitos portugueses. Talvez esta seja a área de maior inserção dos portugueses, nomeadamente tudo o que tenha a ver com o comércio e a distribuição alimentar”, disse à Lusa José Luís Carneiro.

José Luís Carneiro salientou que os serviços consulares e a embaixada de Portugal estão em contacto com as autoridades venezuelanas para tratar desta questão.

Estes contactos visam “manter um ritmo de sensibilização das autoridades para a especificidade da comunidade portuguesa, para a sua importância enquanto alicerce da dinamização do comércio, da dinamização da economia e de abastecimento da própria população venezuelana”, destacou.

José Luís Carneiro, que esteve na Venezuela em 2016, sublinhou que o Governo português tem estabelecido contactos com várias autoridades venezuelanas “desde a primeira hora em que houve sinais de alguma preocupação relativamente à evolução da situação social, económica e política” naquele país.

Vários padeiros luso-venezuelanos disseram à Lusa, no dia 13 de março, estar preocupados com o anúncio, feito pelo Governo do Presidente Nicolás Maduro, de que serão expropriadas ou passarão a ser controladas as padarias que não produzam pão suficiente para os clientes.

Em causa está uma nova disposição legal que exige que as padarias devem ter pão para venda durante o dia, produzindo em quantidade suficiente para que na abertura das portas os clientes já tenham pão disponível para comprar.

Entretanto, os comerciantes queixam-se de falta de farinha, da paralisação dos moinhos e do controlo administrativo dos preços.

Além dos supermercados a panificação é uma das áreas com forte presença de portugueses na Venezuela.

Na Venezuela vigora, desde 2003, um férreo sistema de controlo cambial que impede a livre obtenção local de moeda estrangeira e obriga as empresas a pedirem ao executivo autorizações para aceder a dólares e importar, um processo que o empresários dizem ser cada vez mais demorado e limitado.

Quanto ao apoio à comunidade portuguesa, José Luís Carneiro anunciou ter-se procedido “ao reforço dos meios consulares e a colocação em posto de uma colaboradora com um perfil de conselheira social para apoiar os portugueses a candidatarem-se aos apoios da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidade Portuguesas e também do Ministério do Trabalho para apoiar as famílias que apresentam níveis de maior carências económica e sociais”.