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Ex-primeiro-ministro de Itália deixa liderança partidária

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O antigo primeiro-ministro italiano Matteo Renzi demitiu-se ontem da liderança do Partido Democrata (PD), uma decisão que faz parte de uma estratégia para retomar o controlo da formação de centro-esquerda, onde uma minoria mais à esquerda ameaça cindir-se.

Matteo Renzi, 42 anos, demitiu-se no final de 2016 do cargo de primeiro-ministro, depois do rotundo “não” dos italianos num referendo constitucional defendido pelo seu Governo.

Desde então, as clivagens no PD têm-se acentuado, o que levou o antigo primeiro-ministro a convocar um congresso do partido, com o qual Renzi aposta reforçar a sua legitimidade política, caso consiga ser reeleito secretário-geral.

A batalha no seio do Partido Democrata anuncia-se intensa entre o campo Renzi e o dos seus opositores, alguns dos quais ameaçaram este fim de semana promover a cisão da ala mais à esquerda daquela força política.

Este cenário não só enfraqueceria a formação como também o próprio Governo dirigido por Paolo Gentiloni, que tem no PD o seu principal apoio político.

Em caso de cisão, “todos perderíamos”, advertiu, no entanto, Gianni Cuperlo, um dos principais tenores da minoria do PD, citado pela agência France Presse.

Renzi acusa esta minoria no seio do PD de o ter sistematicamente combatido, mesmo enquanto esteve à frente do Governo.

“A palavra ‘cisma’ é uma das piores que existem [em política]; há apenas uma pior: ‘chantagem’. É inaceitável que um partido seja bloqueado pelos ‘diktats’ da sua minoria”, afirmou hoje Renzi.

Os críticos de Renzi, em contrapartida, acusam-no de não tomar em consideração os seus pontos de vista e de executar uma política demasiado distanciada dos valores da esquerda.

“Não dizemos que queremos que Renzi faça as malas, dizemos que queremos uma mudança urgente na direção” do partido, declarou Pier Luigi Bersani, antigo secretário-geral do PD e um dos principais líderes da minoria no partido.

O congresso do PD, que terá lugar em junho próximo, deverá eleger um novo secretário-geral. Este tornar-se-á, de acordo com os estatutos do partido, o novo chefe do Governo em caso de uma vitória do PD nas próximas legislativas, dentro de aproximadamente um ano, se não forem antecipadas.

O confronto entre Renzi e os seus críticos mais à esquerda no seio do Partido Democrático desde o referendo tem, no entanto, feito estragos significativos e desbaratado intenções de voto no campo do centro-esquerda italiano.