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Sobreviventes no Irão esperam ainda por ajuda três dias após forte sismo

O terramoto que atingiu o Irão no domingo matou pelo menos 530 pessoas e feriu mais de 7.400.
O terramoto que atingiu o Irão no domingo matou pelo menos 530 pessoas e feriu mais de 7.400.

Muitos sobreviventes do forte sismo que atingiu no domingo o Irão, junto à fronteira com o Iraque, continuavam hoje à espera de ajuda, nomeadamente da distribuição de bens alimentares, de tendas e de apoio médico.

O terramoto, de magnitude 7,3 na escala de Richter, foi sentido em 14 das 31 províncias do Irão, mas o maior número de vítimas registou-se na província ocidental de Kermanshah, em especial na localidade curda de Sarpol-e-Zahab, a cerca de 50 quilómetros do epicentro.

Três dias após o sismo, que matou pelo menos 530 pessoas e feriu mais de 7.400, várias famílias desesperadas tentaram criar abrigos temporários, com palha recolhida em quintas daquela localidade curda.

Muitas pessoas em Sarpol-e-Zahab, zona que registou metade das vítimas do sismo, disseram à agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP) que ainda não tinham recebido qualquer auxílio e que precisavam de ajuda para remover os destroços das respectivas casas e tentar recuperar alguns bens.

Com vários serviços públicos afectados pelo terramoto, as autoridades locais, citadas também pela AP, relataram outra situação que está a dificultar a entrega de ajuda.

Segundo estas fontes, muitas famílias que não foram directamente afectadas pelo sismo apressaram-se a ir aos locais de distribuição de ajuda e levantaram bens que estavam destinados aos sobreviventes e desalojados.

Para prevenir este tipo de situação, a polícia local anunciou o reforço de elementos para acompanhar a distribuição de ajuda aos sobreviventes.

Dados oficiais indicaram que mais de 12 mil tendas foram distribuídas na área, um número que ficam aquém do total de casas que terão sido afectadas pelo tremor de terra, mais de 30 mil, das quais 15 mil ficaram totalmente destruídas.

A maior autoridade da República Islâmica do Irão, o Ayatollah Ali Khamenei, urgiu as autoridades a continuarem a prestar auxílio aos sobreviventes, relembrando o “tempo frio e a estação difícil” que se avizinha no país.

As autoridades iranianas justificaram que as dificuldades sentidas na distribuição de ajuda estão a ser provocadas pela situação caótica registada naquela região fortemente afectada pelo sismo.

Em declarações à televisão estatal iraniana, Morteza Salimi, do Crescente Vermelho iraniano (organização federada com a Cruz Vermelha Internacional), afirmou que, apesar de existirem recursos de ajuda suficientes, “foram registados alguns problemas na distribuição (...) a segurança foi comprometida”.

Também hoje o Presidente iraniano, Hassan Rohani, e perante o elevado número de casas sociais que ficaram destruídas na província ocidental de Kermanshah por causa do sismo, reconheceu outro problema: corrupção na construção desses edifícios financiados pelo governo.

“As casas que as próprias pessoas construíram ficaram intactas em Sarpol-e-Zahab e aquelas que foram construídas pelo governo estão destruídas”, afirmou Hassan Rohani, durante uma reunião do executivo de Teerão.

O chefe de Estado iraniano indicou ser evidente que “houve corrupção na construção” daquelas habitações sociais, um projecto que foi lançado pelo seu antecessor no cargo, Mahmud Ahmadineyad.

No Iraque, o terramoto foi sentido em Bagdad e em várias províncias, tendo feito, segundo o último balanço oficial, oito mortos e mais de 336 feridos.