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Souto de Moura atribui aos novos alunos a tarefa de refundar a arquitectura

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O arquiteto Souto de Moura disse ontem que compete aos jovens que estão agora a começar o seu percurso o papel de “refundar a disciplina” da arquitetura, para que assim nasça dela algo de novo.

Na abertura do ano letivo da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, o prémio Pritzker deixou uma mensagem de encorajamento e explicou que apesar “de não ser fácil”, é tempo para aproveitar esta nova experiência, na qual devem aproveitar os exemplos do passado.

“Aproveitem esta oportunidade que não há muitas. [Os alunos] têm que ter confiança no passado e têm que saber que não é o passado que lhes vai dar as soluções, mas que existe um legado que é preciso estudar e perceber para conseguir ter mais conforto nas soluções que encontrarem”, afirmou o arquiteto.

Souto de Moura sublinhou ainda que “não há nenhuma passagem direta nem nenhuma receita”, mas que a História é fundamental para basear as escolhas e passa pelos novos alunos o “trabalho de refundar a disciplina” para que seja possível criar “uma nova arquitetura”.

O arquiteto, que proferiu uma conferência sob o título “Que faire?”, agradeceu ainda o “convite de voltar a esta casa” da qual disse nunca ter saído.

Durante a conferência, Souto de Moura mostrou um conjunto de trabalhos realizados em conjunto com o arquiteto Siza Vieira, para demonstrar aos alunos, principalmente aos do primeiro ano, que a arquitetura tem “continuidade” e é “universal”.

“Eu fui aluno do arquiteto [Fernando] Távora e do arquiteto Siza, o arquiteto Siza foi aluno do arquiteto Távora. Os projetos estão interligados e cada um de nós usa conhecimentos e conceitos que vão sempre estar presentes e que nunca passam de moda porque a arquitetura é universal”, explicou o arquiteto à margem da abertura do ano letivo da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.

Para Souto de Moura, podem mudar os materiais e os sistemas construtivos, mas “uma pirâmide é sempre uma pirâmide seja em vidro ou pedra”.

Durante a conferência, onde mostrou uma série de projetos e desenhos, como o da construção do metro de Nápoles iniciada em 2003, enfatizou ainda o papel e a influência de “outras disciplinas paralelas” na arquitetura, que permitem a realização deste tipo de trabalhos.

“[Nesta apresentação] quis mostrar como se trabalha com o Siza, com a História e com os períodos da História, desde os gregos até hoje. Quis mostrar que não há arquitetura sozinha, existe a arqueologia, existe o urbanismo” e a arquitetura “não é uma disciplina estaque”, resulta antes duma “fusão de várias equipas e futuro é este, trabalhar em equipa”.