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Despovoamento e custos continuam a dificultar reabilitação de centros históricos

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O despovoamento e a falta de meios financeiros continuam a ser as principais dificuldades na reabilitação dos centros históricos das cidades, segundo a Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico (APMCH).

“A reabilitação dos centros históricos é um grande desafio, porque nós temos centros históricos muito despovoados, sendo certo que na generalidade das intervenções, e uma vez que as rendas muitas vezes são exíguas, os meios dos seus proprietários são, grosso modo, muito reduzidos”, afirmou à Lusa o presidente do conselho de curadores da associação, José Miguel Noras, no âmbito da celebração do Dia Nacional dos Centros Históricos, que se assinala hoje.

O responsável assinalou também como obstáculo o facto de durante o processo de reabilitação os proprietários se depararem com “regras que derivam da proximidade a monumentos nacionais” nem sempre compatíveis com as exigências da modernidade, o que torna um “grande desafio conciliar o património com a vida contemporânea”.

José Miguel Noras explicou que na reabilitação, muitas vezes, não há apenas dificuldades financeiras, mas também em relação às tipologias dos imóveis, uma vez que as pessoas querem espaços semelhantes aos das zonas de construção nova.

As cidades têm crescido em diversas direções, mas “é no centro que têm a sua raiz” e é aqui que “a memória herdada vem expressa”, sublinhou.

“Há programas à escala nacional e de contributo à escala local” que procuram reverter os problemas de reabilitação e tornar os centros históricos mais atrativos para quem os visita, mas “fundamentalmente também para quem neles vive e os quer desfrutar”, acrescentou.

O responsável destacou que, segundo os habitantes dos centros históricos, “há condições” de ali se intervir e de “recuperar aquilo que é uma identidade”.

O 28.º Dia Nacional dos Centros Históricos celebra-se a 28 de março, data que coincide com o aniversário do escritor e historiador Alexandre Herculano.

Este ano, o município escolhido para as comemorações é Tomar (distrito de Santarém), destacando-se a apresentação do livro “Portugal em Marrocos: olhar sobre um património comum”, de Frederico Paula, e a atribuição do Prémio Nacional Memória e Identidade ao ex-Presidente da República António Ramalho Eanes.

José Miguel Noras sublinhou ainda a importância de “tentar criar condições para que a opinião pública, desde logo em tenra idade, comece a ser mais vigilante e atenta diante deste desafio” de preservação e renovação dos centros históricos, acrescentando que cada município pode promover as suas iniciativas, sobretudo com as escolas, numa “lógica de culto do património”.