Crónicas

Hospital da Madeira na sala de espera

Não pode este assunto ser tratado no meio de estratégias eleitorais. Existem certos assuntos que deviam

É ponto assente que a Saúde e a forma como ela é tratada é uma das formas mais reveladoras da qualidade e do estado em que um País ou Região se encontram. Não é possível ser-se desenvolvido sem as bases da Saúde, Educação e Justiça apuradas e estas deviam ser transversais a qualquer movimento político ou manifesto partidário. As explicações para este facto vão muito para além das vantagens para uma sociedade do aumento da esperança média de vida mas tem sobretudo reflexo no dia-a-dia das pessoas. Quem hoje em dia tem hipótese de escolher para onde vai trabalhar põe sempre em primeiro lugar como factor de decisão os sítios, cidades ou Países onde os cuidados médicos são assegurados de uma forma competente e profissional. Esse continua aliás a ser uma das grandes dificuldades que alguns países africanos apresentam. Se os melhores podem ir para qualquer lado do Mundo como irão algum dia escolher ir para um lugar onde não estão garantidos os serviços de saúde caso algo aconteça?

É a rentabilidade e a qualidade de vida que estão em causa. A proporcionalidade entre a saúde o rendimento e o comportamento de uma sociedade, profissional ou pessoalmente é tanto maior quanto menores sejam as longas listas de espera para cirurgias ou simples consultas, os problemas nos transportes, a falta de medicamentos ou a insuficiência de materiais básicos e derivados, assim como a deteriorização de equipamentos e infraestruturas ou a carência de profissionais da área. Ou seja alguém que possa estar o maior tempo possível a 100% terá maior rendimento do que outro que demora meses até receber os cuidados que precisa ou que os recebe de forma deficiente. Quem não se encontra bem de saúde não consegue estar bem no seu emprego nem nas suas relações familiares ou no seu meio social.

Não é admissível investir-se dinheiro em superficialidades tendo ao mesmo tempo hospitais completamente desactualizados , com infiltrações por todo o lado, revestimentos em avançado estado de degradação, salas de cirurgias obsoletas e equipamentos que não funcionam. Para além de que todos sabemos hoje dia serem as próprias infeções hospitalares causadoras de muitas doenças. Estamos por isso perante uma incubadora de doenças e não de unidades de resolução das mesmas. Sabemos hoje em dia que existem áreas especificas como a Oncologia que precisam de departamentos altamente especializados e em que é necessária uma identificação e actuação imediatas para que o problema possa ser resolúvel. Já para não falar que unidade modernas podem significar uma redução enorme de despesas correntes, uma melhor eficiência , respostas mais adequadas o que vai permitir a um alivio das permanências hospitalares sobretudo nas urgências bem como uma gestão mais eficaz seja a nível da adequação dos recursos humanos como até financeira como a capacidade para ter unidades de formação e investigação importantes para o desenvolvimento local e regional.

Acho por isso o tema demasiado importante para ser envolvido em tricas partidárias ou jogadas de bastidores. Não pode este assunto ser tratado no meio de estratégias eleitorais. Existem certos assuntos que deviam ser desígnios nacionais e regionais, em que todos deviam remar para o mesmo lado. Está em causa o desenvolvimento de toda uma região mas também do bem estar dos nossos familiares, amigos, conhecidos e nossa também e isso tem que estar acima de tudo. É urgente resolver de uma vez por todas este tema e seria uma boa demonstração de sentido de Estado e sensibilidade social estarmos todos unidos por forma a podermos contar com a nova unidade a breve trecho. A saúde e o acesso aos cuidados de saúde deve ser motivo de entendimento e de convergência de interesses. O Hospital da Madeira não pode continuar na sala de espera...