Artigos

O governo caiu

Falhou a renovação, falharam

Não foi um estrondo e muito menos uma surpresa. Foi o corolário da crise do PSD-M, agravada pelos desastrosos resultados eleitorais. Na prática, o PSD-M anda há largos meses de remendo em remendo a tentar tapar o pântano em que se enfiou. Falhou a renovação, falharam os objectivos políticos e instalou-se o caos.

Neste trágico cenário de instabilidade e desnorte quem paga são os madeirenses: as opções políticas certeiras não surgem e, nos momentos críticos, em que um governo forte e credível era exigível (como agora em momento de importante negociação orçamental na República) fica a sensação de desconfiança na liderança e total abandono do interesse da Madeira. Nunca se viu nada assim.

Afirmei na noite eleitoral que Miguel Albuquerque devia reflectir se tem condições para continuar a governar. É óbvio que tem legitimidade formal, mas os madeirenses colocaram em causa a capacidade factual de tratar dos assuntos da Região e da causa pública. Estas alterações no governo reflectem uma fuga para a frente, mas não resolvem nada do essencial: nem no partido que suporta o governo, nem na reposição da eficácia governativa.

Na verdade, tudo pode se tornar ainda mais grave porque as medidas anunciadas atingem o coração da democracia madeirense, a Assembleia Legislativa da Madeira, que poderá passar a contar com deputados desavindos com Albuquerque e, por isso, com mais um potencial, por agora, inimaginável de instabilidade e insegurança na condução da governação. Ou seja, as mudanças anunciadas nem unem o que já está totalmente partido, tornando o Presidente do Governo Regional um líder de facção, nem introduzem estabilidade e sossego parlamentar, porque além do Miguel de Sousa podem, caso queiram, surgir dois novos deputados, Eduardo Jesus e Sérgio Marques da ainda maioria) dispostos a tudo.

É neste quadro que posso, apesar de tudo, sossegar os madeirenses. Afirmo sem hesitação que o PS-M manterá o referencial de estabilidade e unidade e, com esse activo indispensável para promover a credibilidade e a confiança, demonstramos que estamos preparados para impedir que o PSD-M, e o seu Presidente, possam comprometer seriamente os interesses dos nossos concidadãos. Não admitiremos que este cenário de caos e pântano se agrave e exigimos sinais claros que existem condições para uma governação responsável e atenta aos problemas das pessoas.