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Uma criança morre a cada dez minutos no Iémen

FOTO Reuters
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Uma criança iemenita morre a cada dez minutos e um entre quatro menores sofrem de desnutrição aguda, denunciou hoje a directora-executiva da Unicef, descrevendo ainda a situação no país como “a pior crise humanitária actual”.

“Estamos a falar de um país onde 8,4 milhões de pessoas, dos 22 milhões que possui, estão a ponto de cair de inanição. Um país onde a cada dez minutos uma criança morre”, declarou a directora-executiva do Fundo das Nações Unidas Para a Infância (Unicef), Henrietta H. Fore, numa conferência de imprensa em Genebra depois de regressar do Iémen.

Henrietta H. Fore explicou que uma entre quatro crianças sofre de desnutrição aguda e que as sequelas serão para o resto da vida.

“O conflito incessante no Iémen empurrou para o abismo um país que já estava numa situação desesperante.

Os serviços sociais mal funcionam. A economia está em ruínas, os preços dispararam. Os hospitais sofreram graves danos, as escolas transformaram-se em refúgios ou foram ocupadas por grupos armados”, sublinhou.

A directora-executiva disse que em Hudeida a situação é ainda mais desesperadora do que antes, já que há novos combates para retomar a cidade das mãos dos rebeldes hutis.

“Em muitos lugares da cidade a electricidade não está disponível, a distribuição de água foi interrompida, os preços aumentaram de forma considerável, tudo, os grãos, o combustível para cozinhar e há 200 mil crianças que estão numa situação desesperadora”, disse.

Lembrou que um dos principais problemas está no facto de os serviços básicos terem sido completamente interrompidos, uma vez que os funcionários públicos dos sectores de saúde e educação não recebem os seus salários há meses ou mesmo anos.

“E apesar disso, há casos heróicos de professores, médicos e enfermeiras que vão trabalhar porque sabem da importância do seu trabalho”, adiantou.

A responsável afirmou ainda que “seguramente, o Iémen será como a Síria, onde há gerações perdidas por causa da guerra”.

Em relação ao surto de cólera, a funcionária do Unicef disse que, por enquanto, os casos permanecem estáveis, não aumentam, mas também não diminuem.

Está confiante de que não haverá uma nova grande epidemia, como no ano passado, pois há equipas de resposta rápida no terreno que sabem como detectar e agir quando necessário.