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PM palestiniano condena deslocação da embaixada dos EUA na véspera da Nakba

FOTO Reuters
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O primeiro-ministro palestiniano, Rami Hamdala, condenou hoje a deslocação da embaixada norte-americana para Jerusalém na véspera da comemoração dos 70 anos da Nakba (catástrofe), que levou ao exílio de 700 mil palestinianos devido à criação do Estado de Israel.

“A Nakba representa uma série de tragédias colectivas que se traduziu na destruição de pelo menos 418 pessoas e na deslocação forçosa de 70% do nosso povo”, recordou Rami Hamdala num comunicado oficial, no qual se lê que esta catástrofe “continua a acontecer”.

O nascimento do Estado judaico “levou à criação de todo um sistema de opressão, culminando na ocupação militar actual da nossa terra”, referiu.

Hamdala reiterou que “a declaração sobre Jerusalém pelo presidente norte-americano e a sua decisão de transferir a embaixada são violações flagrantes do direito internacional” e um “desconhecimento de todos os valores fundamentais da justiça e moralidade”.

Na opinião do primeiro-ministro, “escolher um dia trágico na história palestiniana” para esta transferência “demonstra uma grande insensibilidade e falta de respeito pelos princípios básicos do processo de paz”.

Esta relocalização foi igualmente condenada pelo governo iraniano, o qual advertiu que a medida apenas reforçará “a determinação da nação palestina oprimida e para resistir à ocupação” de Israel.

Segundo um comunicado do Ministério dos Assuntos Exteriores iraniano, esta mudança da embaixada também “intensificará os movimentos anti-sionistas e anti-EUA na região e no mundo”, assim como “a resistência dos territórios (palestinos) ocupados”.

A nota classificou a decisão de Washington de “imprudente e ilegal” e sublinhou que Jerusalém é “uma parte integral do território da Palestina e um dos três sítios islâmicos sagrados”.

Os Estados Unidos inauguram hoje a sua Embaixada em Jerusalém, cidade reconhecida unilateralmente pelo Presidente norte-americano como capital de Israel.

A inauguração coincide com o 70.º aniversário do Estado judaico e surge na véspera do dia em que os palestinianos assinalam o Nakba (desastre, em árabe), que designa o êxodo palestiniano em 1948, quando pelo menos 711.000 árabes palestinianos, segundo dados da ONU, fugiram ou foram expulsos das suas casas, antes e após a fundação do Estado israelita.

O dia tem sido marcado por protestos junto à fronteira com Gaza que já fizeram pelo menos um morto e 147 ficaram.

O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a transferência da embaixada instalada até agora em Telavive foram anunciados por Donald Trump a 6 de Dezembro, em consonância com a sua promessa eleitoral, mas em ruptura com décadas de consenso internacional.