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Opositor venezuelano preso Leopolo Lopéz apela a uma “rebelião eleitoral”

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O opositor venezuelano preso Leopoldo Lopéz apelou a uma “rebelião eleitoral” numa mensagem lida no sábado em Caracas durante uma manifestação com cerca de 2.000 pessoas.

O apelo de Lopéz, lançado a partir da cela da prisão militar de Ramo Verde, onde está preso, perto da capital, surge depois de na quarta-feira o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter pedido a sua libertação imediata.

Na sua mensagem, Leopoldo Lopéz protesta contra a decisão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de adiar as eleições dos governadores, previstas para dezembro do ano passado, para uma data indeterminada em 2017.

“Temos a obrigação de promover e de organizar a rebelião dos votos”, disse. “Se o CNE mantiver a mesma atitude, vamos nós próprios organizar as eleições”.

Lopéz propõe na sua mensagem que a coligação da oposição venezuelana, a Mesa da Unidade Democrática (MUD), organize em março “uma grande consulta popular no decurso da qual as pessoas vão votar e decidir se querem eleições presidenciais em 2017”.

A próxima eleição presidencial está prevista para 2018.

Aos 45 anos, Lopéz, que é uma das principais figuras da oposição ao regime do Presidente Nicolás Maduro, entrou no sábado no seu quarto ano de prisão.

Detido a 18 de fevereiro de 2014, foi condenado em 2015 a 14 anos de prisão depois de ter sido declarado culpado por alegado incitamento à violência durante protestos contra o governo do Presidente Maduro. Quarenta e três pessoas foram mortas durante estas manifestações, registadas entre fevereiro e maio de 2014.

A justiça confirmou na quinta-feira a condenação de Leopoldo Lopéz a 14 anos de prisão.

A mensagem de Leopoldo Lopéz foi lida perante uma multidão de cerca de 2.000 pessoas por Freddy Guevara, vice-presidente do Parlamento venezuelano, dominado pela oposição.

A mulher do opositor, Lilian Tintori, que foi na quarta-feira recebida por Donald Trump, manifestou-se no sábado com cerca de 200 pessoas numa grande avenida do leste de Caracas.

“Vamos sair desta ditadura nas ruas, manifestando-nos para obter a libertação de todos os presos políticos e exigir uma nova eleição presidencial”, disse.

O Departamento de Estado dos EUA exigiu no sábado a libertação de uma centena de “prisioneiros de consciência” venezuelanos, incluindo Leopoldo Lopéz.

Em Madrid, os líderes dos principais partidos políticos espanhóis manifestaram para exigir a libertação de Leopoldo Lopéz e de outros presos políticos na Venezuela.

No início da semana passada, Washington decretou sanções económicas contra o vice-Presidente venezuelano, Tareck El Aissami, por alegado narcotráfico.

A tensão política entre os dois países americanos tem aumentado, sendo conhecidos os ataques violentos do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, contra “o império” dos Estados Unidos.

Os dois países não partilham representações diplomáticas desde 2010, mas têm mantido importantes relações económicas, nomeadamente no setor petrolífero.