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ONU teme grave crise se países se recusarem a acolher migrantes

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O diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), William Swing, agradeceu hoje a Espanha por receber os refugiados resgatados pelo “Aquarius”, mas admitiu que haverá uma grave crise se os países se negarem a receber estas embarcações.

“Estou satisfeito por a Espanha ter dado um passo em frente para terminar esta crise, mas temo uma tragédia maior se os Estados começarem a negar-se a resgatar os imigrantes ameaçados”, afirmou o diretor-geral daquela agência das Nações Unidas.

Numa declaração lida pelo seu porta-voz, em Genebra (Suíça), William Swing referiu que atuar desta forma “não vai dissuadir outros migrantes de tentarem chegar à Europa”.

Também hoje, a porta-voz do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) no Parlamento Europeu, Iratxe García, apelou aos restantes Governos do continente para que sejam solidários para com Espanha e se disponibilizem para recolher os refugiados transportados pelo “Aquarius”.

A eurodeputada do PSOE (partido de que é secretário-geral o atual chefe do Governo espanhol, Pedro Sanchéz), afirmou que este episódio mostra o lado mais obscuro da Europa e disse que o ministro da Administração Interna italiano, Matteo Salvini, tem de “recuperar a dignidade e a decência”.

Os partidos políticos com assento no Parlamento Europeu decidiram na segunda-feira alterar a sua agenda para realizar um debate extraordinário sobre a assistência humanitária, a propósito deste episódio com o “Aquarius”.

O Governo de Itália recusou no domingo autorizar o “Aquarius” a desembarcar num porto italiano migrantes resgatados do mar em várias operações durante o sábado.

Itália defendeu que deveria ser Malta a acolher os migrantes, entre os quais há 123 menores, mas Malta sustentou que a responsabilidade é de Itália porque as operações de salvamento dos migrantes ocorreram numa zona marítima coordenada por Roma.

A Espanha ofereceu-se, na segunda-feira, para acolher os migrantes, para “evitar uma tragédia humanitária”, e as autoridades estimam que o navio, com 629 pessoas a bordo, demore quatro dias a fazer o percurso que o separa de Valência.

A SOS Méditerranée já anunciou que o “Aquarius” vai continuar a fazer salvamentos ao largo da Líbia, depois do desembarque destas 629 pessoas em Espanha.

Entretanto, em Valência, o presidente do município, Joan Ribó, afirmou que a autarquia está a receber desde segunda-feira uma grande quantidade de telefonemas de outros municípios, diversas entidades e particulares para disponibilizar ajuda no acolhimento dos migrantes.

O grupo vai chegar à cidade espanhola dividido em três barcos.