Mundo

Mais de 4 mil pessoas manifestam-se na Catalunha contra as cargas policiais

Os confrontos, no decorrer da jornada do referendo de domingo, provocaram mais de 890 feridos, 250 dos quais na região de Girona.
Os confrontos, no decorrer da jornada do referendo de domingo, provocaram mais de 890 feridos, 250 dos quais na região de Girona.

Cerca de 4 mil pessoas concentraram-se hoje ao final da manhã em Girona em protesto contra a intervenção e as cargas policiais na jornada de referendo, no domingo, na Catalunha, indicaram a Polícia Local e os Mossos d’Esquadra.

Os manifestantes gritaram palavras de ordem a favor da independência da Catalunha na Praça del Vi, onde está a câmara municipal de Girona. No epicentro do protesto estavam os Bombeiros da Generalitat (Governo regional), ovacionados pelos presentes.

No decorrer da jornada do referendo, no domingo, os bombeiros catalães envolveram-se em confrontos com a polícia nacional espanhola e a Guarda Civil, chamados para impedir a votação face à inacção da polícia regional, os Mossos d’Esquadra.

Os bombeiros tentaram impedir as cargas policiais sobre os cidadãos que pretendiam votar, acontecimentos registados pelas câmaras dos meios de comunicação social espanhóis e internacionais.

A presidente de Câmara (alcaldesa) Marta Madrenas, (Partido Democrático Europeu da Catalunha) liderou a representação municipal, enquanto que o delegado da Generalitat na província, Eudald Casadesús, encabeçou a comitivida do governo regional.

Madrenas apelou a todos os presentes e aos restantes cidadãos para que se juntem à greve geral convocada para terça-feira. A Câmara de Girona, referiu, também vai estar parada, para “estar ao lado do povo”.

A justiça espanhola considerou ilegal o referendo pela independência convocado para domingo pelo governo regional catalão e deu ordem para que a polícia regional fechasse os locais de votação.

Face à inação da polícia regional, os Mossos d’Esquadra, em alguns locais, foram chamadas a Guardia Civil e a Polícia Nacional espanhola. Foram estes corpos de polícia de âmbito nacional que então protagonizaram os maiores momentos de tensão para tentar impedir o referendo.

A Guardia Civil e a Polícia Nacional espanhola realizaram cargas policiais e entraram à força em várias assembleias de voto que tinham sido ocupadas por pais, alunos, residentes e cidadãos em geral numa tentativa de garantir que os locais permaneceriam abertos.

Estas forças retiraram pessoas que ocupavam locais de votação, tendo mesmo ocupado o pavilhão desportivo da escola em Girona onde deveria votar o líder da Generalitat, Carles Puigdemont.

Os confrontos provocaram -- segundo a Generalitat -- mais de 890 feridos, 250 dos quais na região de Girona. As autoridades não especificaram quantas pessoas assistidas sofreram feridas físicas.

A Diocese de Girona também condenou hoje a “violência que está a sofrer o povo da Catalunha”, numa referência aos “graves incidentes” de domingo.

A nota da diocese liderada pelo Bispo de Girona, Francesc Pardo, critica ainda “o tratamento sofrido por muitos cidadãos que quiseram expressar livre e pacificamente a sua opinião”.

“A resistência não se resolve com violência, mas sim com um diálogo sincero e pacífico”, realça.