Mundo

Chefe da polícia da Catalunha sai em liberdade depois de ouvido pelo tribunal

None

O chefe da polícia da Catalunha, investigado num delito de sedição, saiu hoje em liberdade da Audiência Nacional, em Madrid, com a obrigação de se apresentar quinzenalmente e proibido de se deslocar ao estrangeiro.

O ministério Público pedia a prisão incondicional para Josep Lluis Trapero, mas a juíza Carmen Lamela depois de o ouvir durante quase duas horas não atendeu a este pedido tendo, no entanto, advertido que poderia no futuro agravar as medidas cautelares impostas.

Apesar de não ter atendido o pedido do Ministério Público, a juíza Carmen Lamela advertiu o major Trapero que se não cumprir as medidas cautelares agora anunciadas arrisca-se a que estas possam ser agravadas.

Antes do líder da polícia regional, a juíza Lamela já tinha deixado sair em liberdade a intendente da polícia regional da Catalunha, Teresa Laplana, com as mesmas condições: apresentações quinzenais obrigatórias, entrega do passaporte e proibição de sair de Espanha. No caso da intendente Teresa Laplana, o Ministério Público tinha pedido prisão com fiança de 400 mil euros.

A juíza ainda terá de emitir hoje decisões sobre os presidentes das associações independentistas Asamblea Nacional Catalana (ANC), Jordi Sánchez, e Òmnium Cultural, Jordi Cuixart, ambos investigados por sedição, um delito que pode acarretar uma pena entre 8 e 15 anos de prisão.

A ANC e a Òmnium Cultural são acusadas de terem sido fundamentais na operacionalização do referendo, tanto na organização prévia como no próprio dia da votação.

O processo independentista da Catalunha entrou num novo momento crítico na sequência da realização, a 01 de outubro, de um referendo pela soberania na região, considerado ilegal pela justiça espanhola. Na consulta - organizada pelo governo regional e dirigido apenas aos catalães, o que contraria a Constituição - o “sim” ganhou com 90% dos votos, mas os resultados não foram certificados por entidades independentes.

A votação ficou marcada por cargas policiais da Guardia Civil e da Polícia Nacional espanhola, que visavam impedir o referendo, uma vez que a grande maioria dos agentes da polícia regional catalã, os Mossos d’Esquadra, não cumpriu uma ordem nesse sentido do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha.

Foram apresentadas várias queixas contra os Mossos d’Esquadra, considerando que a polícia regional agiu como “polícia política” a mando da Generalitat (governo regional), que defendia não só a realização do referendo ilegal como a resposta “sim” no mesmo.