Mundo

Catalunha Human Rights Watch acusa polícia espanhola de violência

A HRW afirma que a Guardia Civil e o corpo da Polícia Nacional foi excessiva no uso da força em três localidades da província de Barcelona, no dia 01 de Outubro. FOTO Reuters
A HRW afirma que a Guardia Civil e o corpo da Polícia Nacional foi excessiva no uso da força em três localidades da província de Barcelona, no dia 01 de Outubro. FOTO Reuters

A organização Human Rights Watch (HRW) acusou hoje a polícia espanhola de uso excessivo de força na Catalunha no dia 01 de Outubro, usando bastões contra manifestantes e causando vários feridos.

A organização de defesa dos direitos humanos refere que falou com vítimas e testemunhas e recolheu imagens registadas em vídeo e fotografia, assim como relatórios médicos em vários pontos de Girona e Barcelona.

A HRW afirma, em comunicado, que a Guardia Civil e o corpo da Polícia Nacional foi excessiva no uso da força em três localidades da província de Barcelona, no dia 01 de Outubro, na execução da ordem judicial que impediu a realização do referendo sobre a independência da Catalunha.

“A nossa investigação pormenorizada, revela que a Polícia Nacional e a Guardia Civil foi excessiva na Catalunha”, disse Kartik Raj, investigador da HRW para os assuntos da Europa Ocidental.

“A polícia pode ter a lei do seu lado para cumprir a ordem judicial, mas isso não lhe dá o direito de usar violência contra manifestantes pacíficos”, afirmou Raj.

A HRW acrescenta que “centenas” de manifestantes ficaram feridos e que o Departamento de Saúde da Catalunha, em documentos datados do dia 02 de Outubro, indica que 893 pessoas apresentaram queixas sobre ferimentos.

“O Ministério do Interior disse que 19 elementos da Polícia Nacional e 14 membros da Guardia Civil tiveram de receber tratamento médico e que ‘várias pessoas’ ficaram feridas”, sublinha a HRW.

A organização recorda que no dia 06 de Outubro, o governo “lamentou e pediu desculpas” pela intervenção da polícia e urge o executivo a investigar “as alegações sobre o uso excessivo da força”, incluindo os incidentes documentados pela HRW.

“Tendo em conta as tensões entre as autoridades centrais e regionais e os complexos aspectos respeitantes à jurisdição, a Espanha devia considerar a intervenção de uma entidade internacional independente”, diz também a nota da Human Rights Watch.

O documento frisa que a Espanha subscreveu a Convenção Europeia dos Direitos Humanos e a Convenção Internacional para Direitos Civis e Políticos que impõem “obrigações específicas” no que diz respeito aos direitos a reuniões pacíficas e liberdade de expressão.

“Apesar de as pessoas actuarem de forma ilegal, o Estado não pode privar os direitos dos cidadãos ou usar força excessiva”, insiste a HRW concluindo que “Madrid e Barcelona devem cooperar” no sentido de uma investigação independente para que seja restaurada “a confiança”.