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António Guterres agradece a Donald Trump apoio a reforma da ONU

Foto EPA
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O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, agradeceu esta segunda-feira ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o seu apoio nos esforços de reforma da organização.

“Valor por dinheiro, enquanto avançamos os valores que partilhamos, é o nosso objetivo comum. E agradeço muito o seu apoio a estes esforços vitais. Senhor Presidente, muito obrigado”, disse Guterres no final de um discurso em Nova Iorque.

O secretário-geral falava num evento patrocinado pelos EUA sobre a reforma da ONU que acontece à margem da Assembleia Geral da organização.

“Alguém me perguntou recentemente o que é que me tira o sono. E a resposta é simples: burocracia. Estruturas fragmentadas, procedimentos bizantinos e interminável ‘red tape’ [regulamentos, tradução livre]. Alguém com o objetivo de prejudicar a ONU, não teria conseguido encontrar melhor forma do que impor algumas das regras que nos próprios criamos”, disse Guterres.

O português referiu-se ao estatuto dos EUA como maior patrocinador do orçamento da ONU para dizer que “reforma é também para todos os contribuintes trabalhadores que pagam pelo trabalho crucial que fazemos.”

“Para servir as pessoas que apoiamos, e as pessoas que nos apoiam, temos de ser ágeis e efetivos, flexíveis e eficientes. Juntos, estamos a fazer progressos numa agenda ampla e arrojada para fortalecer as Nações Unidas”, disse Guterres.

O novo secretário-geral, que iniciou funções em janeiro, citou esforços para controlar os abusos sexuais cometidos pelas suas forcas de manutenção de paz, as mudanças na estrutura de contra-terrorismo, a agenda para a paridade, e indicou o seu próximo grande objetivo: a arquitetura de paz e segurança.

“Estamos a perseguir extensas reformas de gestão para simplificar procedimentos, descentralizar decisões, com maior transparência, eficiência e responsabilização”, explicou.

“Sr. Presidente, tem dito varias vezes, e repetiu hoje, que a ONU tem um potencial tremendo. Todos nós temos a responsabilidade de garantir que alcançamos esse potencial. O nosso objetivo comum é uma ONU do século XXI, mais focada nas pessoas, menos nos processos, e, como disse, com mais entrega e menos burocracia”, acrescentou.

Guterres concluiu dizendo que “o verdadeiro teste de reforma não será medido em palavras em Nova Iorque ou capitais mundiais”, mas “por resultados tangíveis nas vidas das pessoas que servimos e pela confiança daqueles que apoiam o nosso trabalho através dos seus recursos conquistados com esforço.”

Guterres falou depois de Donald Trump, que abriu o evento apontando os grandes desafios da reforma da ONU e elogiando o trabalho do português.

“Em anos recentes, as Nações Unidas não alcançaram todo o seu potencial devido a burocracia e má gestão. Apesar de o orçamento da ONU ter aumentado 140 por cento e o seu pessoal mais do que duplicou desde o ano 2000, não estamos a ver os resultados desse investimento. Mas sei que isso está a mudar com o secretário-geral e está a mudar rápido”, disse Donald Trump, que estava sentado junto a António Guterres.

O evento, que acontece à margem da Assembleia Geral da ONU, reuniu cerca de 120 países dos 193 membros da organização. A Rússia e a China foram os únicos países com assento permanente no Conselho de Segurança que não participaram.

Para participar no evento, os países tinham de assinar uma declaração em que declaravam “apoiar o secretário-geral na condução de mudanças concretas ao sistema da ONU para melhor alinhar o seu trabalho em iniciativas de ajuda humanitária, desenvolvimento e paz sustentável”.

“Comprometemo-nos em reduzir a duplicação de mandados, a redundância e sobreposição, incluindo entre alguns órgãos da ONU”, lê-se na declaração.