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Madeira

“A vida muda quando nós mudamos a forma como olhamos para ela”

Bruna Pires abriu o TEDxMadeira Salon com uma história de perda, coragem e reinvenção

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“Quantos de vocês já sentiram a obrigação de estar tristes?” A pergunta lançou o silêncio na ‘sala’ do Madeira Tecnopolo, esta sexta-feira, na abertura do TEDxMadeira Salon. Foi assim que Bruna Pires, designer e empreendedora, iniciou a sua talk sobre o poder da decisão e da mudança interior, partindo da sua própria história e da criação da marca Madeirense Puro, conhecida pelo humor e pela celebração dos regionalismos que são a identidade madeirense.

Bruna recuou a 11 de Junho de 2013, o dia em que nasceu a ideia que viria a transformar a sua vida. “Estava tão confiante numa ideia que fui incapaz de me deitar antes de a testar”, contou. A inspiração surgiu de uma ilustração feita pelo companheiro e sócio, Gonçalo, que retratava um ovo vestido à madeirense. “Decidimos criar algo fofo, aconchegante, que lembrasse o nosso cantinho do céu”, recordou, entre risos, ao descrever as primeiras experiências com uma máquina de costura com mais de 40 anos e tutoriais do YouTube.

Foi nessa altura que teve a ideia de incluir um mini dicionário madeirense nos produtos, ideia inicialmente rejeitada por Gonçalo. “Mas eu acreditava que os regionalismos tinham potencial emocional. Fiz o primeiro post com a expressão ‘fazer focinho’ e chamei-lhe Madeirense Puro. O resto é o poder das redes sociais.”

A criadora revelou então o lado mais íntimo e desconhecido da história. “Tudo isto aconteceu no dia seguinte ao dia em que decidi viver diferente. Durante mais de 20 anos, o 10 de Junho foi o dia mais doloroso da minha vida — o aniversário da morte da minha mãe. Nesse dia, eu não me permitia ser feliz.” Em 2013, decidiu quebrar o padrão: “Escolhi viver esse dia de forma leve e feliz. Fui ao mar, ri, brinquei. Pela primeira vez, senti leveza. Coincidência ou não, no dia seguinte nasceu o Madeirense Puro.”

Para Bruna Pires, esse momento marcou uma viragem definitiva. “A vida pode ser leve, mas é sempre uma decisão. A verdadeira fé em nós não vem do que já fizemos; nasce quando escolhemos acreditar, mesmo sem provas, mesmo quando os outros não acreditam.”

Entre risos e emoção, a empreendedora recordou também um episódio recente: a rejeição de uma candidatura para apoiar o seu primeiro livro. “Fiquei de rastos. Mas foi a melhor coisa que podia ter acontecido. Lançámos o livro por conta própria e foi um sucesso. Às vezes o que parece o pior é apenas uma bênção disfarçada.”

A fechar a intervenção, deixou ao público uma mensagem que sintetizou o espírito do evento e gerou muitos aplausos:

“A vida não muda quando tudo à nossa volta muda. A vida muda quando nós mudamos a forma como olhamos para ela. Da próxima vez que a vida vos der um dia 10 de Junho, escolham fazer dele um dia 11”, concretizou.