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Estudo conclui que animação socio-cultural nas escolas reduz violência entre alunos

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A existência de animação sociocultural dentro dos estabelecimentos de ensino contribui para a diminuição da violência escolar (’bullying’) e potencia outro tipo de competências aos alunos, revela um estudo divulgado pntem.

Da autoria do animador e investigador Bruno Trindade, de Castelo Branco, o estudo “Importância da Animação Sociocultural em Contexto Escolar” foi apresentado no início do mês, na Universidade de Salamanca, em Espanha, como tese de doutoramento.

“O índice de violência foi uma das áreas em que nos debruçámos mais. Até nós ficámos impressionados com as respostas, não só dos alunos como dos professores, pois 80% considerou que [a animação sociocultural] ajudou a combater a indisciplina na escola”, disse o autor à agência Lusa.

O estudo decorreu no Agrupamento de Escolas Nuno Álvares de Castelo Branco, envolvendo 439 alunos e 36 professores (incluindo do 1.º ciclo do ensino básico), através do questionário de Adaptação da Escala de Avaliação de Implementação de Programas.

Segundo Bruno Trindade, os alunos e professores “demonstram uma satisfação elevada com a animação sociocultural na oferta educativa, sendo esta atividade promotora de sucesso escolar, de maior motivação escolar e de redução dos comportamentos desviantes”.

Os alunos “sentem-se muito mais empenhados e motivados para a escola e consegue-se melhorar também em termos comportamentais, com a diminuição da violência no espaço escolar”, reitera o investigador albicastrense.

“[A Animação sociocultural] também nos permite que os alunos estejam muito mais motivados e consegue levá-los a gostarem de uma escola diferente, com uma perspetiva diferente no espaço escolar também ao nível de aprendizagens lúdico-pedagógicas”, acrescentou.

De acordo com Bruno Trindade, a existência de animação sociocultural nas escolas portuguesas é muito residual, motivo pelo qual este estudo “foi bastante inovador”.

“Em termos de estudo, propusemos alargar a animação a todas as escolas nacionais, desde o jardim de infância ao primeiro ciclo, porque ajuda a melhorar a componente educativa, mas também a ter uma perspetiva diferente ao nível das suas metodologias e da educação não formal”, revelou.

Para o investigador, o aspeto da flexibilização curricular permite trabalhar a componente artística, cultural e social de uma forma diferente dos contextos educativos.

Bruno Trindade defende a introdução da animação sociocultural como uma oferta educativa e curricular dentro da componente escolar, com a reformulação, por exemplo, das Atividades de Enriquecimento Curriculares, para se dar “mais importância às questões da socialização, do brincar, ao desenvolvimento da competência, da criatividade e também a algo mais pertinente, que é da fomentação das regras e valores, cada vez mais importantes nas escolas”.

“Neste momento, estamos com algumas falhas nesse aspeto [regras e valores] devido à tecnologia e ausência de família, mas cada vez mais a animação sociocultural permite esse trabalho e envolvimento”, sublinhou.

Para o especialista, a animação sociocultural “é uma área com grandes potencialidades para a sociedade e foi uma das questões que me levou a pensar neste estudo, porque ainda não é muito desenvolvida nas escolas e cada vez mais tem potencialidade no desenvolvimento de competências e também na componente educativa e na fomentação de metodologias diferentes a nível da aprendizagem”.