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Chamas dominadas em Monchique mas “ainda não se pode baixar os braços”

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A segunda comandante operacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), Patrícia Gaspar, deu hoje o incêndio que lavra há uma semana em Monchique como dominado, mas sublinhou que ainda não é o momento de cruzar os braços.

Em declarações numa conferência de imprensa em Monchique, Patrícia Gaspar disse ainda que o incêndio tem ainda uma vasta área afetada e que é preciso “manter a energia e a dedicação” para prosseguir com a consolidação do trabalho feito e responder com prontidão a eventuais reativações.

As zonas mais preocupantes para a Proteção Civil continuam a ser todo o perímetro desde São Marcos da Serra até São Bartolomeu de Messines, no concelho de Silves, a área onde ainda se mantém a maior quantidade de meios, referiu.

Patrícia Gaspar avisou que o risco de incêndio continua, sublinhando que “todo o cuidado é pouco”, e “seguramente ainda vão pontualmente surgir reativações”, pelo que é necessário que “nada estrague” o trabalho que já foi consolidado.

“Não existe neste momento um risco significativo de o incêndio sair da área afetada”, frisou, salientando, contudo, que é “natural” que, nos próximos dias, alguns pontos quentes originem reativações, o que não significa “que o incêndio possa reativar”.

Segundo aquela responsável, a partir 10:30 vai haver nova ação intensiva com um avião de reconhecimento para detetar eventuais pontos quentes onde seja preciso focar a atenção dos bombeiros.

O dia de hoje vai revelar-se adverso em termos meteorológicos, com o aumento da temperatura, redução da humidade relativa do ar e a próxima noite “já não apresenta a mesma recuperação” que têm apresentado as noites anteriores, acrescentou.

Ao início da manhã, já houve um helicóptero ligeiro a atuar, esperando-se que, ao longo do dia, vão sendo empenhados meios aéreos nas zonas onde haja reativações ou em áreas que necessitem de apoio de água para rescaldar o terreno.

A proteção civil atualizou ainda o número de feridos para 41, um deles em estado grave.

O incêndio de Monchique já destruiu cerca de 27.000 hectares, segundo os dados mais recentes disponibilizados pelo Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais (EFFIS), tornando-o no maior este ano em Portugal.

Este ano, o maior incêndio, em termos de área ardida, que se tinha verificado em Portugal era o que deflagrou em fevereiro na Guarda, onde arderam 86 hectares.

Segundo os dados do EFFIS, as chamas em Monchique já destruíram 26.957 hectares, mais de metade dos 41 mil que arderam na mesma região em 2003, nos concelhos de Monchique, Portimão, Aljezur e Lagos.

No ano passado, as chamas destruíram mais de 440 mil hectares, o pior ano de sempre em Portugal, segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Quanto aos maiores incêndios em termos de área ardida ocorridos no ano passado, no topo da lista aparece o que teve origem no dia 15 de outubro, em Seia/Sandomil, no distrito da Guarda, que destruiu 43.191 hectares.