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A importância da Hospitalização Domiciliária

Dando atenção às informações que nos chegam a nível nacional sobre o plano estratégico para este tema, verificamos que não é difícil entender o quanto se ganhará com a implementação desta Unidade de Hospitalização Domiciliária (HD) a nível regional.

No relatório recentemente produzido afirma-se que foram internados em todos os hospitais do SNS 1.100.000 doentes. Projetando os estudos recentes de 3 anos de experiência neste tipo de internamento e assimilando as experiências internacionais podemos afirmar que 46% destes poderão ser tratados em HD.

“Plano estratégico a desenvolver e para implementar durante a legislatura, em todos os Hospitais do SNS.

Os hospitais públicos internam por ano em redor de 1 100 000 doentes, sendo que 46% são candidatos a HD. Assim sendo no médio e longo prazo poderemos tratar no conforto de sua casa mais de meio milhão de portugueses (as) o que significaria em termos atuais cerca de 11 000 camas das 24 000 que o SNS dispõe, o que no mínimo se traduziria num ganho de 479 800 000 euros (a preços atuais) a canalizar para investimento no SNS. Quando se fala da sustentabilidade do SNS esta é seguramente uma componente determinante a ter em conta”.

Retirado do “Reporte da Hospitalização Domiciliaria” a que tivemos acesso, por amabilidade do Coordenador Nacional.

Isto é o “ovo de Colombo”.

Quanto custa manter a funcionar 11.000 camas?

Defendemos que um hospital, não é mais do que uma empresa que vende serviços entre os seus vários Centros de Custos. A verdade é que um hospital deve ser encarado como essa empresa que aloca meios, quer financeiros quer humanos, para que a produção de cada centro de custo (Departamento) seja a mais adequada.

Dentro das variadíssimas especialidades médicas e cirúrgicas, há umas que pelas suas características e atividade clínica se ajustam bem entre elas, como será o exemplo da obstetrícia e a pediatria ou mesmo a ortopedia, a fisiatria e a reumatologia ou a cardiologia, cirurgia cardiotoráxica e pneumologia ou ainda o caso da neurologia, neurocirurgia e neurorradiologia. Alguém duvida que as sinergias de qualquer delas devem ser postas ao serviço dos doentes, em Departamentos?

Isto não impede, que qualquer destas especialidades preste serviços a outras especialidades/departamentos e, que tenham a sua autonomia científica garantida.

Acabemos com as “quintas” dentro das estruturas hospitalares.

As camas são dos doentes e os médicos deverão interná-los em função das necessidades em cuidados de enfermagem.

Assim o hospital, com honrosas exceções, deverá organizar-se de modo a distribuir as camas em função das necessidades dos doentes.

Um doente que sai da sala de operações, independentemente da especialidade que a realizou, vai ser internado por um determinado período no recobro. Só depois será transferido para o “serviço” que o referenciou. Em nosso entender deveria ser transferido para uma zona do hospital, em função da sua necessidade em cuidados de enfermagem, misturado com os de outras proveniências, mas que necessitam do mesmo nível destes cuidados.

Numa fase posterior, seria transferido para outra cama/espaço/zona com um nível inferior de necessidade de cuidados de enfermagem, naturalmente entrando aqui o conceito da hospitalização domiciliaria, que em nosso entender o como já afirmámos em artigo de opinião anterior, deveria ser para todo e qualquer doente que fosse abrangido pelos critérios específicos para a HD.

Deste modo a dinâmica do internamento seria mais adequado à correta distribuição de cuidados em todos os momentos, definidos por critérios de necessidade em cuidados de enfermagem, o que faria concentrar enfermeiros onde eles de facto são necessários.

Quem diz enfermeiros dirá outros prestadores de cuidados como os assistentes operacionais.

Os outros técnicos de diagnóstico e terapêutica prestam o seu serviço onde e a quem necessite dele.

Esta dinâmica de internamento esvazia o conceito de “quinta” que referimos anteriormente.

Ora voltando aos ganhos evidentes com esta reorganização da estrutura hospitalar, podemos afirmar sem qualquer hesitação que, no caso do SRS teríamos uma poupança mínima entre os 10 e os 12 milhões de euros, por ano. Obviamente para investir no SRS.

O sistema está subfinanciado! Todos o afirmam.

Deixo este repto a quem dirige. Há situações que sem se experimentar não se consegue provar. Esta será certamente uma delas.