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Lula da Silva recusa que Bolsonaro governe para “os milicianos” no Brasil

Foto EPA
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O antigo chefe de Estado brasileiro Lula da Silva disse ontem que o atual Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, foi eleito para governar para os brasileiros e não para “os milicianos” do Rio de Janeiro”.

“Eu vejo muitos companheiros reclamarem que está muito difícil levar o povo para as ruas, muitos companheiros querem derrubar o Bolsonaro (...) Esse cidadão foi eleito democraticamente, mas ele foi eleito para governar para o povo brasileiro, não para os milicianos do Rio de Janeiro”, disse Luiz Inácio Lula da Silva.

O antigo Presidente falava durante uma intervenção política no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, cidade próxima de São Paulo, onde Lula da Silva havia sido preso em abril do ano passado.

Líder mais importante da esquerda brasileira, Lula da Silva pediu em outro momento de seu discurso que seus apoiantes não tivessem medo e que era preciso lutar para melhorar o país.

“Não adianta ficar com medo, a gente tem que ter uma decisão neste país de 210 milhões de habitantes e não podemos permitir que os milicianos acabem com o país que construímos”, afirmou.

O antigo chefe de Estado fez repetidos ataques ao atual Governo, dizendo que Jair Bolsonaro confessou publicamente ter sido eleito por causa do atual ministro da Justiça, Sergio Moro, que foi o principal juiz da operação Lava Jato e o responsável pela primeira condenação de Lula da Silva.

Além de associar Jair Bolsonaro a milicianos (grupos criminosos formados por agentes da polícia e bombeiros, no ativo e na reforma), Lula da Silva também disse que o atual Presidente do país não dorme tranquilo e está acabando com os direitos dos brasileiros, a pensões por reforma e à cidadania, ao promover cortes no orçamento e o pacote de reformas liberais.

O antigo Presidente também afirmou que pretende apresentar publicamente, dentro de 20 dias, um projeto alternativo ao do Governo de Jair Bolsonaro.

“É preciso que a gente tome uma decisão, eu estou disposto a andar por este país porque não é possível que a gente viva neste país vendo cada dia os ricos ficarem mais ricos e os pobres ficarem mais pobres”, afirmou.

O antigo chefe de Estado brasileiro, de 74 anos, deixou na sexta-feira a cadeia em Curitiba, após 580 dias preso.

Luiz Inácio Lula da Silva, que governou o Brasil entre 2003 e 2010, viu a sua libertação decidida por um juiz em menos de 24 horas após uma decisão do STF, na quinta-feira, ter alterado a jurisprudência e proibir a prisão após condenação em segunda instância dos réus que recorrem para tribunais superiores.

O histórico líder do Partido dos Trabalhadores (PT) foi preso após ter sido condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), num processo sobre a posse de um apartamento, que os procuradores alegam ter-lhe sido dado como suborno em troca de vantagens em contratos com a estatal petrolífera Petrobras pela construtora OAS.