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Libertação de Nelson Mandela comemora 30 anos

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O histórico líder sul-africano Nelson Mandela foi libertado há precisamente 30 anos, após 27 anos de cárcere, iniciando o processo de desmantelamento do regime brutal de segregação racial, que o levaria à presidência sul-africana quatro anos depois.

Erguendo um punho fechado para saudar a multidão que o aguardava à porta da prisão Victor Verster, Mandela, então com 71 anos, deixou desde logo claro o seu compromisso em acabar com o apartheid e em lutar pela instituição de um governo escolhido pela maioria, alinhado com a defesa dos direitos humanos.

A sua libertação ofereceu a muitos sul-africanos a primeira oportunidade de o verem, uma vez que o regime tinha banido a publicação de imagens suas e dos seus discursos. Depois, de repente, estava em todo o lado.

“Camaradas e companheiros sul-africanos, saúdo-vos a todos em nome da paz, democracia e liberdade para todos”, afirmou poucas horas depois da sua libertação, num discurso perante uma multidão de apoiantes na câmara municipal da Cidade do Cabo.

Quatro anos após a sua libertação, Mandela foi eleito Presidente da África do Sul, nas primeiras eleições abertas a todas as raças, e colocando finalmente um fim a um prolongado regime de discriminação racial violenta.

Sob a sua liderança, a África do Sul viria a aprovar uma Constituição largamente elogiada pela defesa dos direitos, liberdades e garantias de todos e foi também sob a sua égide que foi criada uma Comissão de Verdade e Reconciliação que permitiu a revelação da violência e injustiças cometidas por mais de 40 anos de apartheid.

Mandela e o seu libertador, o antigo Presidente Frederik W. de Klerk, receberam o Prémio Nobel da Paz em 1993 pelo trabalho conjunto para o fim do apartheid e por “lançarem as bases para uma nova África do Sul democrática”.

Magnânimo, carismático e inclusivo durante o seu único mandato como Presidente, que terminou em 1999, Nelson Mandela conduziu a África do Sul a uma nova era de democracia.

Hoje, o país enfrenta sérios desafios de desigualdade, pobreza e violência, em grande parte resultado da persistente herança do apartheid, e muitos sul-africanos criticam a Mandela os compromissos para com a minoria branca, que continua a gozar de prosperidade relativa numa África do Sul em apuros económicos.