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Hollande critica Macron pela “falta de resultados” que paralizaram a França

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O ex-presidente francês François Hollande criticou o chefe de Estado, Emmanuel Mácron, pela “falta de resultados” que paralisaram a França provocando a crise dos “coletes amarelos”.

“Ao fim de dois anos, o resultado não é bom nem para a vitalidade económica nem para a coesão social. Ao querer mudar tudo ao mesmo tempo, ficou tudo paralisado”, disse Hollande em entrevista publicada hoje no Le Parisien.

A entrevista ao ex-presidente socialista realizou-se numa altura em que François Holland lança uma edição revista e atualizada do livro “Lições de Poder”.

Apesar de considerar “pertinente” o debate lançado por Macron para solucionar a crise dos “coletes amarelos”, Hollande insiste que faltam “decisões imediatas e medidas de longo prazo”.

“É urgente reduzir as injustiças sociais o que obriga a um recuo em relação às medidas que foram tomadas há dois anos (por Emmanuel Macron) e, em particular, restabelecer o ISF (Imposto sobre as Fortunas) e reforçar a tributação sobre os depósitos de capital”, disse Hollande.

Referindo-se diretamente a uma das principais reivindicações do movimento de contestação social “coletes amarelos”, o ex-chefe de Estado socialista especifica que é preciso voltar a impor o ISF a todos os que detêm um património superior aos 1,3 milhões de euros, uma medida que Macron suprimiu em 2017 numa tentativa de tornar a França num país mais atrativo para os investidores.

Hollande diz também que Emmanuel Macron “reagiu muito tarde” ao movimento dos “coletes amarelos” acabando por ceder demasiado tarde na questão relacionada com a subida dos impostos sobre os combustíveis que foi um dos principais motivos da contestação inicial, em 2018.

“Por vezes é preferível recuar. Alguns criticaram-me. O que constato é que o governo atual recuou, mas demasiado tarde, três semanas depois do início da crise”, refere Hollande.

Hollande que projetou Macron na política francesa nomeando-o como secretário geral adjunto do Eliseu, em 2012 e dois anos mais tarde como ministro da Economia afasta-se declaradamente do antigo protegido.

No domingo, Hollande numa outra entrevista emitida pelo canal France 2 foi questionado sobre a presença do ex-chefe de Estado conservador Nicolas Sarkozy numa cerimónia de homenagem -- organizada pelo Eliseu - aos combatentes da resistência francesa durante a ocupação nazi e que se realizou durante o fim de semana.

Hollande respondeu que não foi convidado para a cerimónia e que constata que Macron e Sarkozy são vistos juntos com “regularidade”.

“Emmanuel Macron está agora mais próximo das ideias de Nicolas Sarkozy do que das minhas”, afirmou François Hollande.