O Governo francês anunciou hoje que está a dar início a um plano de 50 milhões de euros para lidar com a saída do Reino Unido da União Europeia (’Brexit’) sem acordo considerando-a cada vez mais provável.

“A hipótese de um ‘Brexit’ sem acordo é cada vez menos improvável”, salientou o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, à imprensa no final de reunião com membros do seu Governo envolvidos na saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

O chefe de Governo francês explicou que o plano foi preparado desde abril de 2018 e que a pesca representa o setor “mais suscetível” de sofrer as consequências do ‘Brexit’, na medida em que vários pescadores franceses da costa atlântica pescam em águas britânicas.

O primeiro-ministro francês assegurou que a sua intenção é “defender os interesses dos pescadores franceses”, para o qual a França irá trabalhar “ativamente” com a Comissão Europeia.

Edouard Philippe referiu que para lidar com o ‘Brexit’ vai dar início a um investimento de cerca de 50 milhões de euros em aeroportos e portos, a serem lançados “nos próximos dias”, para garantir a continuidade do fluxo de bens e pessoas, após 29 de março, data prevista para a saída britânica da UE.

Segundo a agência de notícias Efe, há também uma dimensão legislativa, com uma lei de habilitação que é adotada hoje e que permitirá ao Governo, conforme planeado, adotar cinco decretos nas próximas três semanas com medidas para preparar um ‘Brexit’ sem acordo.

O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, indicou que o Governo vai começar a contratar mais 600 funcionários públicos, incluindo agentes alfandegários, para lidar com o comércio e a segurança transfronteiriça.

“O objetivo é ter o menor impacto possível”, afirmou o primeiro-ministro, que reconheceu que há “trabalho pela frente”, primeiro para informar os cidadãos e em particular as pequenas e médias empresas (PME) que têm atividade com o Reino Unido.

Na terça-feira à noite, o Parlamento britânico rejeitou o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia negociado pelo Governo de Theresa May com Bruxelas, por 432 votos contra e apenas 202 a favor.

A dois meses e meio da data prevista para a saída britânica da UE, os deputados da Câmara dos Comuns rejeitaram de forma maciça o acordo de saída, apesar do último apelo feito pela primeira-ministra, imediatamente antes da votação, contra “a incerteza” que a rejeição do texto provocaria.