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Deputados acusados de rebelião denunciam perseguição do regime venezuelano

Foto Reuters
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Treze dos 14 deputados recentemente acusados pelo Governo venezuelano de conspirar contra o regime divulgaram hoje uma carta em que afirmam serem perseguidos e acusam o Presidente Nicolás Maduro de desferir um golpe de Estado contra o parlamento.

“O que tem vivido o parlamento, nos últimos dias, é a continuação de um golpe de Estado ao único poder legítimo no nosso país”, lê-se na carta.

O documento, divulgado em Caracas, prossegue afirmando que “uns magistrados (do Supremo Tribunal de Justiça) atuam de costas voltadas para o povo e a Constituição”.

Os signatários criticam a Assembleia Constituinte (AC) -- composta unicamente por simpatizantes do regime de Nicolas Maduro -, e classificam-na de “fraudulenta” que pretende “enganar a vontade de milhões de venezuelanos ao perseguir mais de uma dezena de deputados legitimamente eleitos”.

A carta é assinada pelos deputados Américo de Grazia, Simón Calzadilla, Richard Blanco, Juan Andrés Mejía, Henry Ramos Allup, Winston Flores, Sérgio Vergara, Miguel Pizarro, Carlos Paparoni, Mariela Magallanes, Franco Casella, Luís Florido e Freddy Superlano.

A pedido do Supremo Tribunal de Justiça, a AC ordenou, nas últimas semanas, que fosse levantada a imunidade parlamentar de 14 deputados a quem acusa de traição à pátria e de conspiração contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro.

Pelo menos 36 deputados venezuelanos (entre efetivos e suplentes) viram levantada a sua imunidade parlamentar desde 2015, na sequência de processos levantados pelo regime e que a oposição alega ser um mecanismo de perseguição.

Segundo a oposição venezuelana, estes processos fazem parte de um golpe de Estado continuado contra a Assembleia Nacional, “único órgão legítimo, eleito pelo povo”.

Dos 36 deputados, 11 estão exilados no estrangeiro, quatro estão detidos no país e três têm medidas “cautelares” que vão desde prisão domiciliária à proibição de fazer declarações aos jornalistas.

Há ainda outros três que se refugiaram nas embaixadas do Chile, Itália e Argentina em Caracas. Outros dois aguardam o desenlace de um processo judicial.

O próprio presidente do parlamento, Juan Guaidó, viu recentemente levantada a sua imunidade parlamentar, situação em que se encontram outros quatro deputados.

No documento hoje divulgado, os 13 signatários recordam a situação de Edgar Zambrano, vice-presidente da Assembleia Nacional -- em que a oposição é maioritária -, o qual consideram ter sido “injusta e grosseiramente sequestrado”.

O caso do deputado Edgar Zambrano junta-se a “uma lamentável lista de milhares de cidadãos injustamente perseguidos”.