Mundo

Corbyn pede um país “internacionalista, diverso e voltado para o exterior”

None

O líder do Partido Trabalhista alertou que o lugar do Reino Unido no mundo vai mudar hoje, com a concretização do ‘Brexit’, e pediu um país “verdadeiramente internacionalista, diverso e voltado para o exterior”.

Numa declaração publicada na página electrónica do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn disse que o Reino Unido está hoje numa encruzilhada e que as mais importantes escolhas sobre o futuro da relação de Londres com a União Europeia e o mundo ainda estão por fazer.

“O lugar da Grã-Bretanha no mundo vai mudar. A questão é que direção tomamos agora”, escreveu o líder trabalhista demissionário.

Para Corbyn, o Reino Unido tem duas opções: Construir um país “verdadeiramente internacionalista, diverso e voltado para o exterior” ou “virar-se para dentro e trocar os seus princípios, direitos e padrões para garantir acordos comerciais arranjados à pressa e desequilibrados (...) com Donald Trump e outros”.

Defendeu que os trabalhistas irão sempre lutar por uma relação próxima, forte e cooperativa com a UE e lembrou que o Reino Unido deve garantir que os cidadãos europeus no país mantêm os seus direitos, assim como os britânicos na União Europeia.

Recordando que a saída da União Europeia “é apenas o início” e que as negociações com Bruxelas só deverão começar em março, Corbyn garantiu que os trabalhistas vão responsabilizar o Governo ao longo de todo o processo para “garantir empregos e níveis de vida, direitos no trabalho, assim como a proteção dos padrões de consumo e do ambiente em quaisquer acordos que sejam negociados com a UE, os EUA ou qualquer outro país.

O deputado trabalhista acrescentou que o seu partido irá resistir a um “acordo tóxico com Trump que ponha em risco o serviço nacional de saúde, os padrões de segurança alimentar e os empregos”.

Corbyn termina a sua mensagem com um apelo à união dos britânicos: “Qualquer que tenha sido o lado que escolhemos no debate sobre o ‘Brexit’, precisamos agora de unir o país para construirmos o nosso futuro comum, trabalhar para reconstruir e fortalecer as nossas comunidades e eliminar a pobreza e a injustiça na nossa sociedade”.

Jeremy Corbyn anunciou a renúncia ao cargo de líder do Partido Trabalhista na noite das eleições legislativas de 12 de dezembro, nas quais o Partido Conservador de Boris Johnson triunfou com uma maioria absoluta, mas mantém-se em funções até à eleição de um sucessor, que só deverá ser conhecido a 04 de abril.

A saída do Reino Unido da União Europeia consuma-se às 00:00 de sábado, hora de Bruxelas (23:00 de hoje em Londres e em Lisboa), após um “casamento” de 47 anos, e três anos e meio depois de o ‘Brexit’ ter sido decidido num referendo por 52% dos eleitores, em junho de 2016.

Segue-se um período de transição pós-’Brexit’ que vai até 31 de dezembro de 2020.

Os efeitos práticos deste período de transição mantêm o Reino Unido dentro do mercado único, estando o país obrigado a respeitar as regras europeias, mas sem estar representado nas instituições de Bruxelas nem de participar nas decisões.

O objetivo é evitar uma mudança repentina, dando tempo a que empresas e cidadãos se adaptem.

As negociações, oficialmente, só deverão começar em março, e os termos ficaram definidos na declaração política que acompanha o Acordo de Saída negociado pelo primeiro-ministro, Boris Johnson.