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Brasil lança campanha no Dia da Amazónia para recuperar imagem após incêndios

Foto AP Photo/Dado Galdier
Foto AP Photo/Dado Galdier

O Governo brasileiro lançou hoje uma campanha internacional para marcar o Dia da Amazónia, iniciativa que surge após os incêndios na maior floresta tropical do mundo que colocaram em causa a imagem do país.

A campanha, denominada “Amazónia para o Brasil”, procura “reafirmar o posicionamento da soberania do Brasil em relação ao território e, acima de tudo, mostrar como o Brasil defende e conserva o bioma [conjunto de ecossistemas] que contém a maior biodiversidade do planeta”, afirma o executivo num comunicado distribuído à imprensa.

O Dia da Amazónia foi estabelecido em 2007 pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o objetivo de consciencializar sobre a importância das florestas no Brasil.

“A Amazónia representa um sentimento patriótico de pertencer a um povo que, historicamente, excedeu os seus limites e se sacrificou para que a terra fosse dos brasileiros”, refere o ministro da Secretaria do Governo, Luiz Eduardo Ramos, no mesmo comunicado hoje divulgado.

A campanha publicitária foi divulgada em diferentes órgãos de comunicação social do Brasil e do estrangeiro, e ocorre num momento em que o Governo do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e as políticas do país para o meio ambiente estão sob pressão internacional.

A campanha contempla os Estados Unidos da América, França, Alemanha, Inglaterra, Holanda e Noruega.

O Brasil está a ser duramente criticado por vários países europeus, principalmente a França, pela sua política ambiental, uma vez que Bolsonaro é a favor de flexibilizar o controlo em áreas protegidas, de explorar a Amazónia e legalizar a mineração em reservas indígenas.

Os incêndios na região amazónica provocaram uma tensão entre Bolsonaro e o Presidente francês, Emmanuel Macron, que acusou o líder brasileiro de “mentir” em relação ao seu compromisso com o meio ambiente e chegou a dizer que nestas condições a França retirava o seu apoio ao acordo comercial entre o Mercosul (bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e a União Europeia (UE).

Na recente cimeira do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo), realizada em Biarritz, na França, Macron chegou a falar sobre a possibilidade de propor à Organização das Nações Unidas que a Amazónia fosse submetida a uma espécie de gestão internacional, declaração que Bolsonaro considerou uma ameaça à soberania de todos os países que têm a floresta no seu território.

De janeiro até ao primeiro dia de setembro deste ano, o bioma Amazónia acumulou 47.804 focos de incêndio apenas no Brasil, de acordo com o sistema de monitorização do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Agosto foi o pior mês para a Amazónia desde 2010, com o número de incêndios na região a triplicar em relação a agosto do ano passado, passando de 10.421 em 2018 para 30.901 em 2019.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.

Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).